Após IOF, Câmara tenta acelerar revisão de benefícios fiscais nesta terça
Hugo Motta pautou votação de requerimento de urgência para texto que cria regras mais rígidas para conceder, renovar ou ampliar incentivos fiscais

A Câmara dos Deputados deve votar, nesta terça-feira (1º), o requerimento de urgência para acelerar a tramitação do projeto de lei complementar que revisa benefícios fiscais.
Se aprovado, o projeto poderá ser votado direto no plenário da Casa, sem passar pelas comissões temáticas.
A proposta foi incluída na pauta desta terça após o Congresso ter aprovado, na semana passada, o projeto de lei que revoga o decreto do Executivo sobre o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) — uma medida adotada pelo governo para elevar a arrecadação e cumprir as metas do arcabouço fiscal.
A revisão dos benefícios aparece como uma alternativa do Congresso para compensar a perda de receita com o fim do aumento do IOF.
O projeto é de autoria do senador Esperidião Amin (PP-SC) e foi aprovado pelo Senado em 2023. Estava parado na Câmara desde então.
O texto altera a Lei de Responsabilidade Fiscal para definir critérios objetivos e metas para os benefícios que resultem em menos arrecadação ou mais gastos para o governo.
Na prática, o projeto não promove cortes ou extingue incentivos fiscais, mas cria regras mais rígidas para conceder, renovar ou ampliar esses benefícios no futuro. Ele estabelece ainda a obrigatoriedade de avaliação periódica dessas medidas e define um prazo e vigência de até cinco anos, podendo ser feita uma renovação.
Entre os critérios que deverão ser seguidos estão:
- a definição de metas claras de desempenho nas áreas econômica, social e ambiental;
- a estimativa do impacto na redução das desigualdades regionais;
- e a criação de mecanismos de monitoramento e transparência.
No Senado, uma emenda da bancada do Amazonas excluiu os incentivos da Zona Franca de Manaus das regras previstas no projeto.
O texto foi articulado com governistas. À época, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo perde cerca de R$ 600 bilhões com renúncias fiscais, o que atrapalharia o cumprimento das metas.
No início deste mês, já inserido no imbróglio sobre o IOF, o ministro afirmou que governo e Congresso concordaram em discutir uma redução em "pelo menos 10%" de incentivos tributários que não estão definidos na Constituição. Para isso, o governo ainda deve apresentar um projeto ao Congresso, de acordo com a Reuters.


