William Waack

Após megaoperação, governadores de oposição vão ao Rio para apoiar Castro

Líderes de direita se reuniram na capital fluminense, em demonstração de unidade sobre ação policial contra o Comando Vermelho que deixou 121 mortos

Da CNN Brasil, São Paulo
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O encontro reuniu os governadores de oposição, Romeu Zema (Novo) de Minas Gerais, Ronaldo Caiado (União Brasi) de Goiás, Eduardo Riedel (PP) do Mato Grosso do Sul, Tarcísio de Freitas (Republicanos) de São Paulo — por videoconferência — e a vice-governadora do Distrito federal, Celina Leão (PP), representando Ibaneis Rocha (MDB). Os aliados de Castro elogiaram a megaoperação de terça-feira (28) contra o crime organizado nos complexos da Penha e do Alemão.

A reunião terminou com a promessa de criação do que foi chamado de “Consórcio da Paz”, uma iniciativa para que os estados compartilhem experiências e informações no combate ao crime organizado. O governador do Rio, Cláudio Castro, voltou a cobrar a classificação das facções criminosas como organizações narcoterroristas. “Terrorismo é pela ação e não pela motivação. Se a ação é terrorista, aquilo é terrorismo, não importa a motivação”, afirmou.

Mais cedo, também nesta quinta-feira(30), uma comitiva de mais de 20 parlamentares de direita também se reuniu com o governador. Castro pediu mudanças em um trecho da PEC da Segurança que, segundo ele, retira autonomia das polícias estaduais e a destinação de emendas para a segurança pública do Rio. A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, também viajou ao Rio. Em conversa com parentes de mortos, prometeu uma perícia independente e classificou a operação da última terça-feira como um "fracasso".

O Ministério da Justiça e Segurança Pública anunciou o envio de 20 peritos criminais da Polícia Federal para o estado. Em meio à crise na capital fluminense, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei de autoria do senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) que criminaliza a obstrução e a conspiração de ações que tentem dificultar o combate ao crime organizado. A pena prevista é de quatro a doze anos de prisão.

Nos bastidores, Lula exigiu que os ministros confrontem as críticas ao governo e rebatam as acusações de falta de apoio ao Rio de Janeiro. O presidente também está incomodado com a repercussão negativa nas redes sociais e mobilizou auxiliares para evitar que se espalhe o discurso de que o governo não tem capacidade de atuar na área da segurança pública.

O Supremo Tribunal Federal também se envolveu nas apurações da megaoperação no Rio de Janeiro que deixou 121 mortos — entre eles quatro policiais — 113 presos e 91 fuzis apreendidos. O governo do Rio afirma que o ministro Alexandre de Moraes viajará ao estado na segunda-feira (3) para realizar audiências com o governador Cláudio Castro, policiais, procuradores e outras autoridades sobre o ocorrido.

Castro terá que explicar todos os detalhes da operação, conforme solicitado pelo Conselho Nacional dos Direitos Humanos. O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Victor Santos, afirmou que o governo do estado “não tem nada a temer”. “O governador Cláudio Castro fala que toda a ação e toda política de segurança pública são pautadas na transparência. Nós aqui não temos nada a temer, nada a esconder”, disse.