Arthur Lira: Prorrogação do auxílio dá tempo para governo planejar Renda Brasil
Lira diz que não há intenção de furar o teto dos gastos públicos, mas que deputados e senadores precisam fazer o "dever de casa" e aprovar projetos de ajuste
O deputado Arthur Lira (PP-AL), uma das principais lideranças do bloco conhecido como Centrão, afirmou nesta terça-feira (1º), em entrevista à CNN, que a prorrogação anunciada para o auxílio emergencial servirá de tempo para que o governo prepare o programa que o substituirá, o Renda Brasil.
"Essa extensividade do prazo do auxílio vai nos dar tempo para que, ao longo desses quatro meses, chegar a um modelo ideal, mais uma vez frisando respeito total ao teto de gastos", disse o deputado, entrevistado pelas âncoras Daniela Lima e Carol Nogueira.
Arthur Lira, que é líder do Progressistas e aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara, relembrou que a proposta original apresentada pela equipe econômica, de extinguir o abono salarial para custear o benefício.
"Não posso tirar de pobres para dar para paupérrimos", disse Bolsonaro, durante evento em Ipatinga (MG) na semana passada. Nesta terça, o presidente anunciou a prorrogação do auxílio até dezembro, com o benefício caindo para R$ 300 mensais.
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O deputado comentou o resultado do PIB para o segundo trimestre, que registrou queda de 9,7%, o pior resultado desde o início da série histórica, em 1996. Para Lira, o efeito deve ser atribuído à pandemia da Covid-19 e o auxílio pago pelo governo amenizou o que poderia ser uma queda ainda pior.
"O auxílio emergencial, além de ter feito um papel social muito forte, atendendo aquelas pessoas e aquelas famílias que não têm a mínima condição de suportar uma quarentena e uma pandemia, não tem casa adequada para morar, água limpa, saneamento, ele serviu para dar um alento e aqueceu a economia", argumentou.
'Dever de casa'
O deputado Arthur Lira afirmou que dezembro também é o prazo que o Congresso tem para resolver outro problema: a volta à validade do teto dos gastos públicos, que limita o crescimento das despesas.Lira diz que não há intenção de furar esse teto, mas que deputados e senadores precisam fazer o "dever de casa" para conter o crescimento dos gastos e permitir que a despesa se enquadre nesse limite.
"A partir de 1º de janeiro de 2021, nós temos que estar obedientes ao teto de gastos. Mas, para isso, os remédios tem que ser trabalhados daqui até dezembro. Nós temos deveres de casa para fazer", argumenta.
Entre esses "remédios" estão medidas que permitam reduzir os gastos com pessoal, como o Pacto Federativo, os gatilhos emergenciais para que estados e municípios reduzam gastos permanentes e a Reforma Administrativa, que está prevista para ser apresentada nesta quinta-feira (3).