Bolsonaro não disse que demitiria Moro mas Augusto Heleno, afirma Planalto
A versão dos acontecimentos consta no depoimento do ministro-chefe da Secretaria de Governo, o general Luiz Eduardo Ramos
O Planalto centra esforços na defesa de que o presidente Jair Bolsonaro foi mal interpretado no encontro com ministros, entre eles, Sérgio Moro, o que agora é objeto de investigação.
De acordo com ministros, Bolsonaro pediu para trocar o chefe de sua segurança pessoal e, em caso contrário, ele trocaria o ministro responsável pela área. Neste caso, Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e não o ministro da Justiça, Sérgio Moro, já que a segurança do presidente não diz respeito à Polícia Federal.
Exatamente essa versão, do que Bolsonaro quis dizer, consta no depoimento do ministro da Secretaria de Governo, Luís Eduardo Ramos, de acordo com interlocutores do Planalto com quem a CNN conversou.
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A divulgação de trechos dos depoimentos incomodou ministros, que passaram a defender a divulgação desse trecho da reunião. A ideia deles é que Bolsonaro avalie publicar isso antes mesmo da Justiça tomar uma decisão.
No depoimento, Ramos apontou para os investigadores a diferença, que ele compreende existir, entre as palavras “intervir” e “interferir”. Bolsonaro, de acordo com o ministro, afirmou que queria “interferir” em todos os ministérios e que isso não significaria “intervir”, pedir a troca do comando da Polícia Federal.
Ao listar os nomes de órgãos públicos, na reunião em abril, Bolsonaro fala da PF, de acordo com o relato de ministros. Também diz que não estava satisfeito com a segurança no Rio de Janeiro, momento em que é específico ao citar o nome do estado. Para os ministros ouvidos pela investigação, não houve vinculação com a superintencia da Polícia Federal no Rio.
A defesa de Moro interpretou de outra forma. Para advogados dele, a gravação confirma integralmente as declarações do ex-ministro e mostram interferência.