Bolsonaro suspende ida para Polônia, Hungria e Itália por causa de coronavírus
Viagem pelos três países pode ser reprogramada, mas ainda não há data definida.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu suspender temporariamente sua visita à Polônia e à Hungria, programada para o fim de abril, diante do avanço da epidemia do novo coronavírus pela Europa. Na semana passada, diante do aumento de casos na Itália, Bolsonaro já havia anunciado a possibilidade de cancelar a ida ao país, que estava incluso no roteiro.
A viagem pelos três países pode ser reprogramada, mas ainda não há data definida, segundo fontes do Palácio do Planalto. Neste sábado (7), porém, Bolsonaro embarca para o estado americano da Flórida.
A viagem à Polônia, que tem apenas um caso do coronavírus confirmado, foi anunciada por Bolsonaro em fevereiro, após receber a visita do chanceler polonês Jacek Czaputowicz no Palácio do Planalto.
O roteiro incluiria a Hungria, que não tem registros da doença. Os dois países, que se tornaram expoentes da direita na Europa, estão nos planos de criação de uma aliança conservadora do governo Bolsonaro.
Ao jornal “O Estado de S.Paulo”, em fevereiro, Bolsonaro disse que gostaria de “esticar” a viagem para ir à Itália, visitar a Região de Luca, na Toscana, de onde vieram seus avós. O país tem 2.502 confirmados do Covid-19, com 80 mortes.
O Brasil já tem oito casos confirmados do novo coronavírus e já há transmissão local da doença, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (5) pelo Ministério da Saúde. São seis casos em São Paulo, um no Rio de Janeiro e outro no Espírito Santo. No Distrito Federal, uma mulher de 23 tem o teste positivo e aguarda a contraprova.
Aliança conservadora na Europa
Polônia e Hungria integram, junto com o Brasil, a Aliança pela Liberdade Religiosa, lançada no mês passado nos Estados Unidos. A iniciativa é do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, e tem o objetivo de atrair países governados pela direita nacionalista.
O roteiro Polônia-Hungria-Itália vem sendo ensaiado desde o ano passado pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, que busca aproximação com líderes da direita no mundo.
Presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, Eduardo visitou a Hungria, do primeiro-ministro Viktor Orbán, e a Itália em abril de 2019. Na ocasião, o parlamentar se encontrou com o então vice-premiê e ministro do Interior italiano Matteo Salvini, do partido de extrema-direita Liga.
Em setembro de 2019, a Itália passou a ser governada pela centro-esquerda. Salvini, no entanto, anunciou que tentará retornar ao poder em 2020, e, em entrevista à imprensa italiana, disse que deseja formar uma aliança de líderes nacionalistas com a participação de Bolsonaro. Outros citados foram Donald Trump (Estados Unidos) e Boris Johnson (Reino Unido).
Polônia e Hungria, junto com República Checa e Eslováquia, formam o Grupo Visegrado, em que a direita nacionalista está no comando. Desde 2010, Orbán é defensor do que chama de “democracia não liberal”, e se mantém no poder unindo nacionalistas e ultraconservadores na Hungria. Já a Polônia é governada pelo presidente da extrema direita Andrzej Duda, do Partido Lei e Justiça, desde 2015.