CNJ identifica Pix de magistrados para manifestantes às vésperas dos atos de 8 de janeiro
Transações motivaram a abertura de uma investigação interna sobre a participação de juízes, desembargadores e outros servidores do Judiciário durante os atos criminosos
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) identificou transferências bancárias, por meio de Pix, feitas por magistrados para manifestantes às vésperas dos atos criminosos de 8 de janeiro, quando foram vandalizadas as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
As transações motivaram a abertura de uma investigação interna sobre a participação de juízes, desembargadores e outros servidores do Judiciário na investida golpista.
Aberta por determinação do corregedor-nacional de Justiça, ministro Luís Felipe Salomão, a apuração também pretende identificar se essas pessoas incentivaram e financiaram os atos.
A CNN apurou que um relatório parcial da investigação deve ser finalizado nos próximos dias. Um dos caminhos da apuração é descobrir se as transferências foram feitas como doações aos atos de 8 de janeiro.
Na terça-feira (12), Salomão enviou ofício ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e aos Tribunais de Justiça para que informem se há procedimentos disciplinares ou investigações preliminares, em curso ou arquivados, sobre participação de servidores nos atos de 8 de janeiro.
“Há diversas notícias na internet acerca do envolvimento de servidores públicos nos atos de cariz golpista noticiados para o mundo, de modo que se faz necessário investigar se servidores ou membros do Poder Judiciário estiveram imiscuídos nesse levante contra as instituições democráticas”, escreveu Salomão no despacho.
Ainda de acordo com o corregedor nacional de Justiça, “os atos do dia 8/1 foram apenas o clímax de uma prática discursiva disseminada nos meios de comunicação de massa, que tinha como alicerce uma deliberada desordem informacional voltada a gerar uma crise de confiança, deterioração das instituições republicanas e, no limite, para criar riscos de ruptura democrática”, afirma.
Diante deste cenário, segue Salomão, “é importante investigar a participação de servidores ou membros do Poder Judiciário tanto nas lamentáveis depredações do dia 08/01 quanto nos períodos anteriores”.
Um dos investigados é o desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) e do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF) Sebastião Coelho da Silva, que hoje é advogado e defende Aécio Lúcio Costa Pereira, primeiro réu condenado pelo Supremo por participação nos atos golpistas do dia 8 de janeiro.