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    Consórcio de jornalistas nomeia Bolsonaro ‘personalidade do ano’ da corrupção

    Segundo o Crime and Corruption Reporting Project, presidente brasileiro "se cercou de pessoas corruptas, como também acusou injustamente outros de corrupção”

    Jéssica Otoboni e Paulo Toledo Piza, da CNN em São Paulo



     

     

    O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi nomeado “personalidade do ano” nos quesitos crime organizado e corrupção pelo Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP), consórcio internacional de jornalistas investigativos.

    O órgão, que nos últimos anos ofereceu a “premiação” a líderes como o venezuelano Nicolás Maduro, o filipino Rodrigo Duterte e o russo Vladmir Putin, disse que o presidente brasileiro “se cercou de figuras corruptas, usou propaganda para promover sua agenda populista, minou o sistema de justiça e travou uma guerra destrutiva contra a Amazônia”.

    De acordo com o OCCRP, “Bolsonaro venceu por pouco outros dois líderes populistas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente turco, Recep Erdogan”.

    À CNN, o jornalista investigativo Drew Sullivan, cofundador e editor do OCCRP e um dos nove juízes do prêmio, explicou o peso das políticas de Bolsonaro para a Amazônia na decisão. 

    “Apesar de muitos juízes discordarem, houve uma grande divisão entre Trump, Erdogan e Bolsonaro pela maioria dos votos. Foi só no fim que Bolsonaro venceu. E isso foi mais provavelmente por causa da Amazônia.”

    Segundo a entidade, Bolsonaro foi escolhido “por causa de sua hipocrisia — ele assumiu o poder com a promessa de lutar contra a corrupção, mas não apenas se cercou de pessoas corruptas, como também acusou injustamente outros de corrupção”.

    Para Sullivan, “a família de Bolsonaro e seu círculo íntimo parecem estar envolvidos em uma conspiração criminosa em andamento e têm sido regularmente acusados de roubar do povo”. 

    O jornalista afirma ainda que, apesar de o presidente brasileiro ter sido eleito com uma plataforma anticorrupção, Bolsonaro “não estava limpo antes de assumir e não tem estado limpo desde então. É bastante cínico que ele alegue ser uma pessoa anticorrupção sendo que ele é bastante corrupto”. 

    O júri é composto por jornalistas de todo o mundo, ativistas e um acadêmico, que recebem sugestões de nomes e vão eliminado alguns candidatos até a elaboração final da lista.  

    “A lista é reduzida por meio de votação e os jurados avaliam os nomes através de reuniões por telefone e em discussões seguras por escrito. Depois, o grupo se reúne para elaborar a declaração. É um verdadeiro esforço colaborativo”, explicou à CNN Louise Shelley, diretora do Transnational Crime and Corruption Center (TraCCC) na Universidade George Mason e uma das juradas.

    “Sentamos e olhamos cuidadosamente todos os casos e debatemos quem realmente merece, quem fez diferença este ano e se é importante para as pessoas do mundo que essa pessoa seja corrupta ou esteja promovendo corrupção de alguma forma”, complementa Sullivan.

    O OCCRP é um grupo internacional de repórteres investigativos que fornece apoio técnico para histórias investigativas para repórteres em cerca de 50 países.

    Procurado pela CNN, o Palácio do Planato ainda não se manifestou sobre o assunto. Na última live do ano transmitida em suas redes sociais nesta quinta-feira (31), porém, o presidente Jair Bolsonaro criticou a premiação. 

    “Estamos há dois anos sem nada de corrupção. A Polícia Federal é independente. Ninguém interfere na PF. Me acusaram de interferência, nada comprovaram até hoje”, afirmou Bolsonaro.

     

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