Corte de gastos deverá afetar programa Calha Norte do Ministério da Defesa

Projeto investe em ações de defesa nacional, como a instalação de quarteis nas regiões de fronteira

Larissa Rodrigues e Leonardo Ribbeiro, da CNN, Brasília
Pavimentação de via em Boa Vista (RR) foi realizada no programa Calha Norte
Pavimentação de via em Boa Vista (RR) foi realizada no programa Calha Norte; dentro do Palácio do Planalto, o programa é visto como um resquício da ditadura militar  • Arquivo - Divulgação/Hamilton Garcia/Agência Gov
Compartilhar matéria

O programa Calha Norte, conduzido pelo Ministério da Defesa, deverá ser afetado pelo corte de gastos no orçamento da União anunciado nesta semana. A informação foi confirmada à CNN por fontes do Palácio do Planalto e do próprio ministério.

Criado há quase 40 anos, o Calha Norte tem orçamento de aproximadamente R$ 800 milhões anuais. Deste total, 96% são destinados a obras nas áreas de saúde, educação, esporte, segurança pública e desenvolvimento econômico. O restante vai para ações de defesa nacional, como a instalação de quarteis nas regiões de fronteira.

Inicialmente, o programa tinha como foco desenvolver as comunidades às margens dos rios Solimões e Amazonas. Mas foi ampliado ao longo dos anos e hoje atende 784 municípios em 10 unidades da federação. Até estados fora da região Norte -- como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Maranhão -- são beneficiados pelo projeto.

Segundo o Ministério da Defesa, o Calha Norte é dividido em dois eixos.

  • No primeiro, o da soberania, a União repassa recursos diretamente para as Forças Armadas, para ampliação ou instalação de unidades militares.
  • Já no segundo, do desenvolvimento, os recursos são oriundos de emendas parlamentares destinadas à pasta. No entanto, cortes em emendas também deverão ocorrer, o que preocupa ainda mais o Ministério da Defesa sobre a continuidade do programa.

Dentro do Palácio do Planalto, o programa é visto como um resquício da ditadura militar. Além disso, alguns integrantes do governo se sentem incomodados pelo fato de o Calha Norte ter virado um grande “guarda-chuvas” para obras regionais, concorrendo com um dos braços do PAC. Tudo isso, segundo apurou a CNN, tem pesado na opção pelos cortes.

No início da semana, a equipe econômica confirmou um corte de R$ 15 bilhões no orçamento deste ano, sendo R$ 11,2 bilhões de bloqueio e R$ 3,8 bilhões de contingenciamento. Porém, o detalhamento de onde a verba será cortada só será divulgado na próxima terça-feira (30).

Procurado para comentar o assunto, o Ministério do Planejamento informou que o valor de bloqueio global por ministério ou órgão será decidido pela Junta de Execução Orçamentária (JEO).

“Depois, caberá a cada ministério ou órgão decidir em quais ações e programas os contingenciamentos e bloqueios deverão ser feitos”, explicou a pasta, por meio de nota.