CPMI do INSS ouve empresário sócio de call centers e alvo de operação da PF

Domingos Sávio de Castro foi identificado como sócio do “Careca do INSS” em empresas e teria recebido repasses totais de mais de R$ 10 milhões

Emilly Behnke, da CNN Brasil
Parlamentares durante reunião da CPMI do INSS  • Foto: Andressa Anholete/Agência Senado
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A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) ouvirá nesta terça-feira (28) o empresário Domingos Sávio de Castro. Ele foi identificado como sócio de empresas de call center que estariam envolvidas no esquema de fraudes de benefícios e teriam ligação com Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”.

Castro foi alvo de operação de busca e apreensão e, segundo a PF (Polícia Federal), teria recebido mais de R$ 10 milhões de empresas intermediárias relacionadas a entidades. O valor teria sido repassado por meio de pessoas físicas e jurídicas relacionadas ao empresário.

Conforme as investigações, Castro seria sócio junto do “Careca do INSS” de dois call centers, a Callvox Contact Center e a ACDS Call Center – a Truetrust –, que funcionam em Brasília e chegaram a ter vários funcionários.

Como a CNN Brasil mostrou, boa parte desses funcionários foi contratada no fim de 2023, período que coincide com o auge do aumento dos descontos irregulares, segundo as investigações. Outra empresa em que teria sociedade seria a DM&H Assessoria Empresarial e Corretora de Seguros.

Na CPMI, Castro foi alvo de sete requerimento de convocação, que são de presença obrigatória. Os pedidos foram apresentados por integrantes da oposição e por governistas, além do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).

Antes, a comissão de inquérito também aprovou a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico no período desde 2023 até este ano. Em 2 de setembro, logo nas primeiras reuniões, Domingos Castro também teve o pedido de prisão preventiva aprovado pela CPMI.

Na data, 21 nomes alvos de investigação da PF tiveram requerimentos de prisão aprovados. Com o aval, os pedidos foram encaminhados para o STF (Supremo Tribunal Federal) para análise.

Na semana passada, o presidente da CPMI, Carlos Viana (Podemos-MG), fez um apelo ao ministro André Mendonça, do STF, para que dê andamento às solicitações de prisões aprovadas pela comissão.

“O tempo da paciência acabou, ministro. Agora, é tempo de ação. Decrete as prisões já aprovadas por esta CPMI”, disse Viana.

Segundo depoimento

Nesta terça, também está previsto o depoimento de Henrique Traugott Binder Galvão, piloto de avião que teria realizado voos ligados à Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais). O transporte seria para Silas da Costa Vaz, integrante de cooperativa ligada à Conafer.

O piloto será ouvido como testemunha. O requerimento de convocação foi apresentado pelo relator da CPMI. No pedido, Alfredo Gaspar (União-AL) afirma que, por ter conhecimento de quem utilizava as aeronaves como passageiro, o piloto teria “posição privilegiada” e poderá “oferecer informações relevantes sobre possíveis conexões” com as fraudes no INSS.