Defesa de Youssef recebe áudios de grampo em cela

HD que continha os arquivos das escutas foi entregue à defesa do doleiro, que diz que 26 arquivos foram deletados

Stêvão Limana, da CNN, São Paulo
Doleiro Alberto Youssef durante audiência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão
Doleiro Alberto Youssef durante audiência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão  • Valter Campanato/Agência Brasil
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A defesa do doleiro Alberto Youssef recebeu 210 horas de gravação provenientes de uma escuta na cela em que ele esteve preso em 2014.

A entrega do material aos advogados do doleiro, um dos principais alvos da Operação Lava Jato, aconteceu na quarta-feira (17). A decisão da entrega, de 3 de julho, foi de Guilherme Borges, juiz substituto da 13ª Vara Federal de Curitiba, da Lava Jato.

Dois dias antes, o corregedor-nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, havia determinado que a 13ª Vara explicasse a presença do grampo na cela e a demora em encontrar os arquivos. O doleiro ficou preso na carceragem da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba.

Segundo a defesa de Youssef, 26 arquivos de áudio foram apagados do HD que contém as gravações. Não se sabe o que essas gravações delatadas registraram.

A Justiça chegou a ordenar que a PF e o Ministério Público Federal (MPF) entregassem o HD, mas o dispositivo estava na própria “Vara da Lava Jato”.

Como estão as gravações?

As gravações, apurou a CNN, possuem uma qualidade baixa e, por isso, serão enviadas a técnicos especializados que poderão “limpar” o áudio. As escutas seriam sobre os primeiros dias em que Youssef esteve preso na carceragem da PF.

Com os áudios à disposição, a defesa do doleiro diz que conseguirá desmentir a versão dos investigadores da Lava Jato, que negam a existência das escutas.

A CNN procurou o MPF do Paraná, onde era sediada a força-tarefa da Lava Jato, para comentar as declarações da defesa de Youssef, mas ainda não obteve retorno.

O que acontece agora?

A defesa de Youssef pretende enviar as informações ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar derrubar os efeitos da delação premiada de Alberto Youssef.

Como Youssef foi o primeiro delator da Lava Jato, existe a possibilidade de a delação não ter ocorrido de forma espontânea, podendo impactar os demais personagens da operação.