Juiz da Lava Jato decreta nova prisão de Youssef logo após TRF mandar soltá-lo

Doleiro foi condenado na Operação Lava Jato a mais de 100 anos de prisão, em vários processos

Da CNN Brasil
Alberto Youssef  • Geraldo Bubniak/AGB/AE
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O juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba, expediu uma nova ordem de prisão preventiva contra Alberto Youssef nesta terça-feira (21), logo após o desembargador Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), conceder uma liminar para soltura do doleiro.

Youssef havia sido preso na segunda-feira (20), por ordem do próprio Appio. Na argumentação para a primeira decisão, o juiz defendeu que o doleiro “foi um verdadeiro arquiteto de diversas organizações criminosas ao longo dos últimos vinte anos, sendo certo que a sua multirreincidência revela sua incompatibilidade com o regime de liberdade provisória sem condições”.

Além disso, destacou que Youssef, que tem acordo de delação premiada firmado, teria mudado de endereço sem comunicar a Justiça previamente e que a atual condição de plena liberdade contribuiu para a sensação de impunidade nos seus casos.

O magistrado também destacou que a medida visava garantir a ordem, visto que ele tem elevada periculosidade social por ser reincidente em crimes de colarinho branco e lavagem de dinheiro. Assim, não falou contra a validade do acordo de delação premiada firmado, mas do "âmbito de sua abrangência".

“O presente procedimento, na medida em que seria uma carta em branco genérica que envolveria toda e qualquer investigação criminal, inclusive de crimes que sequer foram descobertos na data da assinatura do acordo”, ressaltou.

“Seria, na prática, verdadeira medida de impunidade e não creio tenha sido este o escopo da lei ou mesmo a intenção do acordo então firmado”, continuou.

Youssef foi condenado na Operação Lava Jato a mais de 100 anos de prisão em vários processos, considerado peça-chave na revelação do esquema de corrupção na Petrobras.

Porém, como assinou acordo de delação premiada, ficou apenas três anos preso, entre 2014 e 2017. Posteriormente, passou para prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica.

Ele também esteve envolvido no caso Banestado, que investigou o envio ilegal de dinheiro para o exterior por meio do Banco do Estado do Paraná. Foi preso à época, assinou o primeiro acordo de colaboração da história brasileira e tinha se comprometido a não praticar novos crimes.

*com informações da Agência Brasil, Douglas Porto, Layane Serrano e Manoela Carlucci, da CNN

*publicado por Tiago Tortella, da CNN