Desgaste de Bolsonaro mina capital político de Michelle, diz analista à CNN
Cristiano Noronha avalia que caso das joias reduz o potencial da ex-primeira ser candidata ao Planalto em 2026
O analista político Cristiano Noronha afirmou, em entrevista à CNN neste domingo (13), que o avanço das investigações criminais que tem como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desgasta o capital político da sua esposa e ex-primeira dama Michelle Bolsonaro.
Para ele, o pedido de quebra dos sigilos bancário e fiscal ajuda a comprometer a potencial carreira política de Michelle, que, uma vez que o ex-presidente está inelegível, chegou a ser apontada por aliados de Bolsonaro como uma de suas possíveis candidatas ao Planalto.
“Esse processo de desgaste vem consumindo muito do capital político do ex-presidente. Ela continua sendo uma das alternativas para eventualmente até concorrer em 2026. E, passando por todo esse desgaste, ela acaba tendo consumido parte desse prestígio e desse capital político — que ainda nem começou. Ela nunca concorreu a cargo político algum”, afirmou Noronha.
O bolsonarismo, conforme aponta o analista, tem perdido o cabo de guerra com os apoiadores de presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ele, os apoiadores do ex-presidente falharam ao tentar atingir o governo com a CPMI do 8 de janeiro e a CPI do MST e têm visto Bolsonaro perder prestígio com o avanço das investigações sobre a venda ilegal de joias.
“Paralelo a isso, a gente vê a agenda econômica — com alguma dificuldade — avançando, as agências de rating dando boas perspectivas de nota para o Brasil. Ou seja, o ex-presidente passa por um desgaste intenso e o governo consegue se blindar de qualquer tipo de problema”, disse.
Conforme informou o analista político da CNN Caio Junqueira, a Polícia Federal (PF) pediu a quebra de sigilos bancário e fiscal da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Na sexta-feira (11), a CNN já havia informado que a PF fez o mesmo pedido de quebra de sigilos do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A avaliação é de que já há situações — ainda não reveladas — que envolvem mais fortemente o ex-presidente no caso das joias.
Fontes informaram à CNN também não haver pressa em ouvir os investigados e que já há muita prova contra eles.
Procurada por meio de sua assessoria, a ex-primeira-dama não se manifestou até a publicação desta reportagem.
PF suspeita que Bolsonaro determinou esquema para vender presentes oficiais
O relatório da PF que embasou a operação apontou que Jair Bolsonaro “determinou” que as joias do acervo da Presidência da República recebidas de autoridades árabes fossem direcionadas para o seu acervo privado.
Além disso, a investigação indica que o material deveria ser vendido e o dinheiro repassado “em espécie” para o ex-presidente.
No fim da noite de sexta-feira, a PF pediu ao STF a quebra dos sigilos fiscal e bancário do ex-presidente, informaram à CNN autoridades ligadas à investigação.
A avaliação é de que já há situações — ainda não reveladas — que envolvem mais fortemente o ex-presidente no caso.
Fontes informaram à CNN também não haver pressa em ouvir os investigados e que já haveria muita prova contra eles.
Em nota, os advogados de Bolsonaro afirmaram que o ex-presidente “jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos”.
Itens que Bolsonaro e assessores tentaram vender
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Escultura de árvore dourada recebida por Bolsonaro em viagem ao Oriente Médio • Reprodução/Polícia Federal
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Escultura de barco dourado recebida por Bolsonaro em viagem ao Oriente Médio • Reprodução/Polícia Federal
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Conjunto de itens masculinos da marca Chopard intitulado "kit rose" • Reprodução/Polícia Federal
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Relógio do conjunto de itens masculinos da marca Chopard intitulado "kit rose" • Reprodução/Polícia Federal
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Abotoaduras do conjunto de itens masculinos da marca Chopard intitulado "kit rose" • Reprodução/Polícia Federal
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Rosário árabe (masbaha) do conjunto de itens masculinos da marca Chopard intitulado "kit rose" • Reprodução/Polícia Federal
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Anel do conjunto de itens masculinos da marca Chopard intitulado "kit rose" • Reprodução/Polícia Federal
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Conjunto de joias contento um anel, abotoaduras, rosário islâmico (masbaha) e um relógio de ouro branco da marca Rolex • Reprodução/Polícia Federal
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Anel de ouro branco do segundo conjunto de joias • Reprodução/Polícia Federal
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Rolex de ouro branco citado como parte do segundo conjunto de joias • Reprodução/Polícia Federal
Entrevista produzida por Carol Raciunas