Ex-comandante da FAB confirma que Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro

Baptista Jr. prestou depoimento como testemunha no âmbito da ação penal que apura suposta tentativa de golpe de Estado

João Rosa e Manoela Carlucci, da CNN, Brasília e São Paulo
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O ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior confirmou, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (21), que Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, ameaçou dar voz de prisão ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), caso ele colocasse em execução um plano de golpe de Estado após a eleição de 2022.

Na segunda (19), ao depor ao STF, Freire Gomes negou a ameaça. Baptista Júnior, porém, depôs no sentido contrário.

“Confirmo [a ameaça], sim, senhor. O general Freire Gomes é educado e não falou com agressividade ao presidente [Bolsonaro], mas foi isso que ele falou. Com calma e tranquilidade: ‘Se você tentar isso, eu vou ter que lhe prender’. Foi isso que ele disse”, afirmou.

A ameaça teria acontecido, de acordo com Baptista Jr. Durante uma reunião realizada o Palácio da Alvorada com objetivo de discutir mecanismos como GLO [Garantia da Lei e da Ordem], Estado de defesa ou Estado de Sítio.

“Ele não deu voz de prisão para o presidente, eu já disse que mantenho a palavra que ele disse que por hipótese se ele tentasse uma ruptura institucional ele prenderia o presidente”, acrescentou.

O ex-comandante disse também que, algum tempo depois, em 14 de dezembro, foi realizada uma nova reunião em que o general Paulo Sergio Nogueira teria apresentado a minuta do golpe.

Ele, no entanto, disse ter se retirado do local assim que soube da procedência do documento.

“Ele [Paulo Sergio Nogueira] falou que trouxe um documento para vocês analisarem. Eu perguntei esse documento prevê a não [incompreensível] do presidente eleito? Se sim, eu não admito sequer receber esse documento, levantei e fui embora”, afirmou.

Depoimento

Baptista Jr. Já prestou depoimento, anteriormente, durante as investigações, quando afirmou ter presenciado reuniões com teor golpista.

Ele foi indicado como testemunha pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e também pelas defesas de Jair Bolsonaro (PL), do ex-comandante da Marinha Almir Garnier e do ex-comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira.

A oitiva do tenente-brigadeiro estava marcada para a última segunda-feira (19), mas foi adiada após sua defesa alegar que ele estava fora do país.