Fatos Primeiro: Fala de Lula sobre renda da população mais pobre é imprecisa
Ex-presidente afirma que governos petistas geraram 22 milhões de empregos formais no país, mas dados do IBGE registram cerca de 3 milhões a menos


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que, durante os governos petistas (2003-2016), pela primeira vez no país, “os 10% mais pobres tiveram, proporcionalmente, mais renda do que os 10% mais ricos”.
O petista disse ainda, durante encontro com sindicalistas, em 14 de abril, que durante as gestões de seu partido foram criados 22 milhões de empregos com carteira profissional assinada.
Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, durante o governo Lula, a renda da população mais pobre cresceu proporcionalmente mais do que a da parcela mais rica. No entanto, os 10% mais pobres não “tiveram mais renda” que os mais ricos, como afirmou o ex-presidente.
Em relação à criação de empregos, relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) indicam que, embora o saldo do período em que o partido comandou o país seja positivo, ele não chega aos números mencionados pelo petista.
O que Lula afirmou?
“Vocês sabem que eu devo muito ao movimento sindical. O acerto do meu governo. Não foram poucas reuniões que nós fizemos. Não foram poucas vezes que vocês foram a Brasília cobrar. Não foram poucas as vezes que eu chamei vocês para conversar e lá, em Brasília, muitas vezes discordando, muitas vezes não tendo convergência, a gente conseguiu estabelecer um tipo de governo que gerou, em 13 anos, 22 milhões de empregos com carteira profissional assinada. Pela primeira vez na história deste país, os 10% mais pobres tiveram, proporcionalmente, mais renda do que os 10% mais ricos”
Luiz Inácio Lula da Silva, durante evento, em 14 de abril
Renda da população mais pobre não superou a da mais rica
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, compilados em 2011 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontam que, durante o governo Lula (2003-2010), a renda do brasileiro mais pobre aumentou proporcionalmente mais do que a do mais rico.
Segundo o relatório, que leva em conta a variação dos ganhos per capita de diferentes estratos da sociedade brasileira, os 10% mais pobres da população tiveram aumento de 69,08% em sua renda entre 2003 e 2010. Por outro lado, os 10% mais ricos tiveram acréscimo de 12,80% em seu rendimento.
O rendimento das classes mais pobres apresentou maior acréscimo proporcional. No entanto, em números absolutos, a renda dos 10% mais pobres não aumentou mais do que a dos 10% mais ricos. Os mais pobres também não somaram mais renda do que os mais ricos nas gestões petistas.
18 milhões de novos empregos formais
Lula já disse em diversas ocasiões que houve a criação de “22 milhões de empregos” durante os governos petistas. O ex-presidente publicou esse mesmo dado em sua conta no Twitter, em novembro de 2020.
De acordo com o relatório “Perfil de Trabalho Decente no Brasil: um olhar sobre as unidades da federação”, elaborado pela OIT, os empregos formais, com carteira assinada, tiveram uma variação positiva de 15.384.442 nos oito anos em que Lula chefiou o Executivo brasileiro.
Até o final de 2002, havia cerca de 28,6 milhões de trabalhadores com vínculo formal no país. Em dezembro de 2010, último mês do segundo mandato do petista, eram pouco mais de 44 milhões.
Os outros cinco anos (de 2011 a 2015) mencionados pelo ex-presidente são aqueles que sua sucessora, Dilma Rousseff (PT), esteve à frente do governo. O saldo foi de 3.218.195 carteiras assinadas, de acordo com levantamentos do Caged. Na soma das duas gestões, o saldo de empregos formais criados supera 18,6 milhões.
Debate
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