Gilmar Mendes: Sem Moraes no inquérito das fake news, Brasil seria “outro” e “pior”

Decano do STF afirmou que Toffoli "assumiu o ônus" ao designar Moraes sem sorteio para a relatoria das investigações

Henrique Sales Barros, da CNN, São Paulo
Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes durante sessão especial da Assembleia Legislativa do Mato Grosso (ALMT), em 18 de novembro de 2024
Gilmar esteve, nesta segunda, em uma sessão especial promovida pela Assembleia Legislativa do Mato Grosso, seu estado natal  • JL Siqueira/ALMT
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, elogiou a atuação do colega Alexandre de Moraes na relatoria do inquérito das fake news.

"Posso dizer que certamente o Brasil seria outro - e pior - não fora essa designação do ministro Alexandre e sua atuação na frente desse inquérito", afirmou o decano do STF.

Gilmar deu a declaração em um evento promovido pela Assembleia Legislativa do Mato Grosso (ALMT) para celebrar os 35 anos da Constituição do estado, nesta segunda-feira (18).

O próprio Moraes e o ministro Flávio Dino também estiveram presentes no evento.

No discurso, Gilmar disse que Dias Toffoli - presidente do STF na época da abertura do inquérito, em março de 2019 - "assumiu o ônus" de designar Moraes para a relatoria.

Moraes foi designado para a relatoria sem sorteio. O inquérito também foi aberto de ofício por Toffoli, ou seja, sem o Ministério Público ou a Polícia Federal terem solicitados formalmente a abertura.

É muito fácil ser profeta de obra acabada, ou engenheiro de obra pronta, como se diz. Mas posso dizer que certamente o Brasil seria outro - e pior - não fora essa designação do ministro Alexandre e sua atuação na frente desse inquérito. A memória vacila, como nós sabemos. Gosto de uma frase do escritor tcheco Milan Kundera (1929-2023): que a luta contra o poder e seu abuso é a luta da memória contra o esquecimento. Naquele momento, falávamos de gabinete do ódio, de perseguição, que depois se materializou contra juízes e o próprio Supremo Tribunal Federal.
Gilmar Mendes, ministro do STF

Sigiloso, o inquérito das fake news tramita há mais de 5 anos e já mirou empresários, políticos, comunicadores digitais, entre outras personalidades ligadas à direita.

Inicialmente, as investigações visavam apurar ameaças ao STF e ao respectivos ministros nas redes sociais, mas acabou tendo o leque ampliado, gerando até outros inquéritos, como o das milícias digitais.

O chamado de "inquérito do fim do mundo", por críticos da direita ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ainda não tem prazo para acabar.