Gleisi fala em debater penas mais amenas para condenados pelo 8/1
Ministra afirmou que debate não incluiria Bolsonaro e generais, acusados de planejar golpe; disse ainda “confiar” que Hugo não pautará anistia
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse nesta quinta-feira (10) considerar “plenamente defensável” a discussão sobre redução de penas aos civis condenados por participarem dos atos de 8 de janeiro. Segundo ela, essa pode ser uma discussão a ser feita no Congresso Nacional.
A ministra ressaltou, porém, a importância de se diferenciar quem apenas participou dos atos de invasão da sede dos Três Poderes daqueles que articularam um golpe de Estado e planejaram assassinatos.
“Falar sobre anistia ou redução de pena em relação a algumas pessoas do 8 de janeiro, eu acho que é plenamente defensável do ponto de vista de alguns parlamentares. Talvez a gente até tenha que fazer essa discussão no Congresso. Agora, o que não pode acontecer é uma anistia àqueles que conduziram o golpe no país, ao Bolsonaro, aos generais”, afirmou.
Gleisi deu a declaração em entrevista coletiva após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para definir a nomeação do novo ministro das Comunicações, Pedro Lucas Fernandes.
Questionada sobre a busca da oposição por assinaturas no projeto de anistia, a ministra disse “confiar muito” na palavra do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de que não levará o projeto a voto. Segundo ela, pautar o texto poderia produzir uma crise institucional.
Gleisi afirmou ainda que muitos parlamentares que assinaram o projeto não têm pleno conhecimento sobre o que diz o texto.
“Essas assinaturas que alguns parlamentares estão fazendo, tem muitos que estão até desavisados sobre o conteúdo do projeto. Querem uma mediação com aquelas penas de quem participou dos atos de 8 de janeiro, mas o projeto que está lá é um projeto que dá anistia ao Bolsonaro e aos generais. Isso não está explicitado. Está faltando esclarecimento sobre isso”, afirmou.
O requerimento de urgência para o projeto de lei da anistia atingiu 251 assinaturas nesta quinta (10). Para que o texto seja protocolado, são necessárias 257 assinaturas. Entre os signatários, estão deputados que integram a base governista, como União, MDB e PP.
Na noite desta quinta-feira (10), a ministra endossou críticas ao ex-presidente e afirmou que, ao exigir anistia, Bolsonaro busca somente deixar a si mesmo impune.
“Ao exigir ‘anistia ampla, geral e irrestrita’, o réu Jair Bolsonaro deixou cair a máscara. É para deixá-lo impune, junto com os comandantes do golpe, que se prestam o projeto da anistia e seu substitutivo”, disse.
“Nunca foi para o pipoqueiro, o sorveteiro nem a moça do batom. É para afrontar o Judiciário que Bolsonaro quer anistia prévia, antes de ser julgado. E quer que os deputados se prestem a esse papel, jogando o país numa crise institucional”, completou a ministra.
Mais cedo nesta quinta-feira, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), também defendeu uma redução das penas definidas pelo STF para os condenados do 8 de Janeiro.
“Quero dizer que nós, do PT, da esquerda, concordamos. O acordo de não persecução penal liberou muita gente. Aquele acordo tinha uma regra de 4 anos. Tem que se construir um caminho. Nós somos favoráveis”, disse Lindbergh à imprensa. “O presidente Hugo está dialogando com o Supremo, com o governo federal. Esse é um caminho que eu acho apropriado. Reduzir as penas”.