Governo quer deixar discussão sobre taxação de compras para depois das eleições

Avaliação na Câmara é de que rejeição do Planalto à discussão está ligada à preocupação sobre a impopularidade da medida recair no colo de Lula

Isabel Mega, da CNN, Brasília
Homem faz compras no computador usando cartão de crédito
Homem faz compras no computador usando cartão de crédito  • Unsplash/Rupixen
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Deputados envolvidos na articulação da taxação de compras internacionais de até 50 dólares afirmam que o governo gostaria que a discussão ficasse para depois das eleições municipais. Há uma preocupação do Planalto, na avaliação de parlamentares, de que a impopularidade da medida possa recair sobre o colo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No ano passado, quando a discussão foi levantada pelo Ministério da Fazenda, até a primeira-dama, Janja, se envolveu na articulação para explicar que a taxação planejada era para empresas, e não para os contribuintes.

Na quarta (22), o governo conseguiu adiar a votação da medida para fazer novas rodadas de negociação com a Câmara. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), é um dos principais articuladores da matéria.

Uma das opções avaliadas é que, somada ao ICMS, a taxação não ultrapasse a alíquota de 45%. No texto, no entanto, o valor seria de 60% sobre todos os produtos importados. O presidente Arthur Lira deve levar outras alternativas a Lula.

A taxação foi inserida como um “jabuti” no projeto que cria o programa mobilidade verde e inovação, o Mover, na forma de emenda.

Ou seja, é um tema estranho à proposta e aí que mora outra resistência do Palácio do Planalto, que defende que a proposta seja discutida em um projeto de lei à parte e que haja, inclusive, a formação de um grupo de trabalho.

Com a continuidade das negociações, a previsão é para que o texto seja pautado novamente somente no início da semana que vem para que as articulações possam continuar.

O prazo está apertado porque se a proposta passar pela Câmara, ainda precisará do aval do Senado, e uma medida provisória do governo que trata do programa Mover tem validade até o dia 31 de maio.