"Há um PGR agindo politicamente", diz Eduardo Bolsonaro

Procuradoria pediu ao STF a abertura de um inquérito contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro por atuar nos Estados Unidos contra o Judiciário brasileiro

Leticia Martins, da CNN, São Paulo
Deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP)  • 24/02/2024REUTERS/Elizabeth Frantz
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O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou, nesta segunda-feira (26), que "há um PGR agindo politicamente", após a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito contra ele, por atuar nos Estados Unidos contra o Judiciário brasileiro.

"Eu não mudei meu tom. Não há conduta nova. Há um PGR agindo politicamente. É por isso que reafirmo: no Brasil há um Estado de exceção, a "justiça" depende do cliente, o processo depende da capa. Por isso decidi ficar nos EUA, para estar livre e bem desempenhar a defesa das liberdades dos brasileiros, algo quase impossível de ser fazer no Brasil hoje", escreveu o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no X (antigo Twitter).

A PGR acusa o parlamentar de coação no curso do processo, embaraço à investigação que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado democrático de Direito.

O processo terá relatoria do ministro Alexandre de Moraes, por ter relação com outras investigações similares, como o inquérito das fake news e a ação penal sobre uma tentativa de golpe de Estado no país.

O que diz a PGR?

De acordo com o procurador-geral, Paulo Gonet, Eduardo Bolsonaro teria utilizado um "tom intimidatório" para tentar atrapalhar o julgamento técnico da ação penal contra o ex-presidente pela tentativa de golpe de Estado.

"A busca por sanções internacionais a membros do Poder Judiciário visa interferir sobre o andamento regular dos procedimentos de ordem criminal, inclusive ação penal em curso contra o sr. Jair Bolsonaro", afirma Gonet na petição.

Para ele, as manifestações do deputado federal ilustram que ele "se dedica com denotada diligência ao intuito de impedir, com a ameaça, o funcionamento pleno dos poderes constitucionais" não só do Supremo, mas também da Polícia Federal e da própria PGR.

Segundo Gonet, a gravidade das ameaças se tornou ainda mais relevante depois que o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, admitiu a possibilidade de aplicar sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.

"As retaliações buscadas, concatenadas e anunciadas intrepidamente contra as autoridades responsáveis pela condução dos casos mencionados nesta peça se assomam como graves atos de interferência sobre o livre exercício dos poderes constitucionais", destacou o PGR.

Gonet pede ainda o monitoramento e a preservação do conteúdo postado por Eduardo nas redes sociais e o depoimento de seu pai, que ele seria o responsável financeiro pela permanência do filho nos EUA.

*Com informações de Luísa Martins