Lula defende combate à desinformação em meio a embate entre STF e Rumble

Presidente afirmou que governo Bolsonaro espalhava "11 mentiras por dia"

Alice Groth e João Rosa, da CNN, Brasília
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de Assinatura do Contrato de Navios da Transpetro pelo Programa de Renovação da Frota Naval do Sistema Petrobras. Estaleiro Ecovix, Rio Grande - RS  • Ricardo Stuckert/PR
Compartilhar matéria

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira (24) que "as pessoas", que estavam governando o Brasil antes do início deste mandato dele, só se preocupavam em contar mentiras e, por isso, o país estava "semidestruído".

"Pegamos esse país semidestruído. [...] Se acabou quase tudo nesse país, porque as pessoas que estavam governando não tinham preocupação com o país ou com o povo brasileiro. A preocupação era contar 11 mentiras por dia e, muitas vezes, o povo seguia as mentiras que eles contavam", destacou.

A afirmação aconteceu dias após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar a suspensão da plataforma Rumble no Brasil, ao verificar a falta de um representante ao tentar intimar a rede social para bloquear o canal do blogueiro de extrema direita, Allan dos Santos.

No discurso, realizado durante a cerimônia de assinatura do contrato de ampliação da frota naval da Petrobras e Transpetro, em Rio Grande (RS), Lula ainda mencionou que "era impensável a gente viver em um país onde o presidente da República fazia questão de contar 11 mentiras por dia, sem levar em conta a qualidade da mentira e sem levar em conta quem estava ouvindo aquelas mentiras".

O petista tem repetido, nos discursos, que 2025 é o ano da verdade, e que ela vai destruir a mentira, afirmando o compromisso com o combate à desinformação.

"Eu não quero que meus filhos sejam algoritmos, por isso proibimos celulares nas escolas. Eu quero que meu filho seja humanista e não algoritmo, e por isso vamos consertar esse país", reiterou.

STF x Rumble

Na última sexta-feira (21), o ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio da plataforma Rumble no Brasil.

Na visão do ministro, a plataforma de vídeos cometeu "reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais, além da tentativa de não se submeter ao ordenamento jurídico e Poder Judiciário brasileiros".

O Rumble e o grupo de mídia do presidente Donald Trump, Truth Social, entraram com um processo contra Moraes na Justiça dos Estados Unidos, alegando "censura" do discurso político de pessoas alinhadas à direita no país.

As empresas acusam o ministro brasileiro de censurar o posicionamento político nos Estados Unidos e infringir a Primeira Emenda do país, ao ordenar que o Rumble removesse as contas de figuras brasileiras da direita.

O site, que se assemelha ao YouTube — tanto em funcionalidade quanto no visual — foi criado em 2013 e ficou conhecido por não usar algoritmos de filtros nos conteúdos publicados, indo no caminho contrário das redes sociais que, nos últimos anos, estão tentando inibir discursos de ódio e proteger direitos.

No Brasil, diversos influenciadores que divulgam ideias ligadas a políticas da direita começaram a usar a plataforma para compartilhar opiniões, sem terem obstáculos da regulação de conteúdo usadas por outros aplicativos.

A Primeira Turma do STF analisará, na primeira semana de março, a decisão de Moraes que suspendeu o acesso à plataforma Rumble no Brasil.