Lula defende Múcio e descarta demissão: “tenho muita confiança e respeito profundo”
Presidente comentou declaração do ministro sobre “questões ideológicas” impedirem negócios na área de Defesa
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afastou, nesta sexta-feira (11), especulações sobre a demissão do ministro da Defesa, José Múcio. Ele afirmou ter “muita confiança”, “amizade” e “respeito profundo” pelo ministro, a quem chamou de um “amigo de verdade”.
A permanência de Múcio no cargo foi especulada após ele dizer que “questões ideológicas” impediram uma licitação na área de Defesa entre o governo brasileiro e uma empresa israelense. Em evento com empresários na quarta-feira (9), o ministro afirmou que a “questão diplomática interfere na Defesa”.
“Múcio é uma pessoa que eu tenho uma amizade profunda e um respeito profundo. Gosto muito dele. Ele me ligou, sabe, apavorado: ‘acho que falei alguma coisa que não devia ter falado’. E eu falei: ‘José Múcio, não se preocupe. Aquilo que a gente falou já está falado, já foi explorado. Esqueça e toca o barco para a frente […] Você não vai perder comigo um centímetro de importância por conta daquilo’”, disse Lula.
Em entrevista para a Rádio O Povo CBN de Fortaleza (CE), o chefe do Executivo afirmou ter uma relação de “lealdade” com o ministro. “É um cara que sempre se preocupou comigo, então é um cara que tenho profundo respeito. É um amigo de verdade, de coração. Portanto, isso não abalou nada a permanência dele no Ministério da Defesa”, afirmou.
Como a CNN mostrou, a compra de blindados de Israel opôs o Ministério da Defesa e integrantes do PT, partido do presidente. Para opositores da compra, a avaliação é que não é razoável o governo brasileiro adquirir equipamentos militares de um país cuja ação militar na Faixa de Gaza é criticada por Lula.
Na entrevista, Lula defendeu ainda a aquisição de um novo avião presidencial após problemas técnicos no retorno da viagem ao México na semana passada. A ideia de Lula, debatida com José Múcio, é negociar a compra de novas aeronaves.
“Pedi para o ministro da Defesa fazer uma proposta e vamos comprar um avião para o presidente da República. A ignorância não pode prevalecer. Um avião para o presidente é para a instituição, quem quer que seja o presidente”, disse o presidente.
Compra de caças
O presidente também comentou sobre o pedido de informações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos em relação ao contrato, de 2014, do governo brasileiro para a compra de 36 caças Gripen E/F. A solicitação de informações foi feita à Saab North America, Inc., fabricante sueca. Para Lula, a compra, feita durante o governo de Dilma Rousseff, foi “um bom negócio”.
“Sinceramente, acho que um pedido de informação dos Estados Unidos é intromissão dos Estados Unidos numa coisa de outro país. É descabível essa informação. Não sei qual a informação que ele está pedindo, também não quero fazer um julgamento precipitado, mas não tem sentido pedir informação de um avião que o Brasil comprou”, declarou.