Lula diz que Brasil vai cobrar imposto de "empresas americanas digitais"

Presidente, no entanto, não especificou como essa cobrança seria feita

Ester Cauany e Yasmin Silvestre, da CNN*, Brasília e São Paulo
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, nesta quinta-feira (17), que o governo cobrará imposto de "empresas americanas digitais".

"O mundo tem que saber uma coisa: esse país só é soberano porque o povo brasileiro tem orgulho desse país. Eu queria dizer para vocês que a gente vai julgar e vai cobrar impostos das empresas americanas digitais", disse o petista durante discurso no congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), em Goiânia.

O presidente brasileiro, no entanto, não especificou como essa possível cobrança seria feita e nem detalhou quais empresas seriam afetadas.

Atualmente, grandes multinacionais que atuam no Brasil pagam uma alíquota mínima de 15% sobre o lucro. Não há, porém, impostos incidindo exclusivamente sobre plataformas digitais e redes sociais estrangeiras, que poderiam se enquadrar na taxação ventilada por Lula.

O discurso do mandatário brasileiro acontece em meio a uma guerra comercial dos Estados Unidos com o Brasil. O presidente norte-americano, Donald Trump, prometeu tarifar em 50% os produtos brasileiros a partir de 1 de agosto. O petista criticou a decisão afirmando que não aceita receber ordens de “gringo”.

"Então nós não aceitamos que venham nos dar lição, conselho a gente até aceita, mas lição nós não aceitamos”, disse.

“Eu nasci para fazer negociação. Eu tenho certeza que o presidente americano não negociou 10% do que eu negociei na minha vida”, continuou o petista.

Além da declaração de taxar as big techs americanas, Lula também formalizou sua resposta ao tarifaço ao assinar um decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade Econômica na segunda-feira (14) -- ele foi publicado no DOU (Diário Oficial da União) na terça-feira (15).

A norma, embora não cite diretamente os Estados Unidos, é considerada uma reação às tarifas aplicadas unilateralmente ao Brasil e serve como instrumento para possíveis retaliações contra outras decisões mundiais.

Ainda sobre o tarifaço, Lula afirmou que o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, já estão trabalhando nas negociações com o governo americano e reiterou que acredita na soberania do Brasil.

“Por último, eu queria dizer para vocês, nós estamos com muita tranquilidade, o meu vice-presidente e o ministro das Relações Exteriores estão negociando há mais de dois meses. Desde aquela primeira taxação de 10% nós temos uma equipe de negociação. Dia 16 de maio a gente mandou uma carta para a equipe dos EUA com as coisas que nós achávamos que poderia ser feito acordo. Não recebemos nenhuma resposta”, concluiu.

*Sob supervisão de Henrique Sales Barros

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