Lula reforça soberania perante Trump e manda recados em reunião ministerial

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), adotou o lema da soberania nacional na reunião ministerial desta terça-feira (26), no Palácio do Planalto. O mandatário respondeu diretamente às novas ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tarifar países que aplicarem regulações e taxas às big techs americanas.

Visualmente, a equipe de comunicação da Presidência fez questão que Lula e ministros usassem bonés azuis estampados com a frase “O Brasil é dos brasileiros”. O encontro também marcou o lançamento do novo slogan do governo federal: “Do lado do povo brasileiro”, que substitui o anterior, “União e reconstrução”.

A mudança na comunicação institucional ocorre em meio à crise diplomática e econômica com os Estados Unidos. Durante o encontro, Lula voltou a criticar o presidente americano Donald Trump, acusando-o de agir como um “imperador” ao impor sanções e ao fazer ameaças a outros países.

“Estamos dispostos a sentar na mesa em igualdade de condições. O que não estamos dispostos é sermos tratados como se fôssemos subalternos”, afirmou Lula.

Nesta segunda-feira (25), Trump afirmou que vai aplicar novas sanções contra países que decidirem taxar ou regulamentar plataformas digitais. Ele não especificou valores, mas prometeu “tarifas substanciais” e mencionou restrições à exportação de tecnologias sensíveis, como chips.

Durante a reunião, Lula reiterou a defesa da regulação das plataformas digitais, tema sensível no Congresso Nacional e alvo de críticas da oposição, que alega risco de censura prévia.

“As big techs são um patrimônio americano que ele [Trump] não aceita que ninguém mexa. Isso pode ser verdade para ele. Elas são um patrimônio americano, mas não são nosso patrimônio. [...] Nós somos um país soberano, temos uma Constituição, temos uma legislação”, declarou Lula.

As declarações do presidente vêm no momento em que o Palácio do Planalto tenta destravar o projeto de lei que estabelece regras para o funcionamento das redes sociais no Brasil. A proposta enfrenta resistência entre parte de parlamentares e empresas do setor.

Além do Brasil, a União Europeia também está na mira das ameaças de Trump. Países do bloco já adotaram legislações mais rígidas para regular a atuação das plataformas, como a Lei de Serviços Digitais. De acordo com a agência Reuters, o governo Trump estuda impor sanções diretas a autoridades europeias envolvidas na formulação dessas normas.