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    Mandetta: fico feliz que o presidente constate que medidas estão contendo casos

    Mais cedo, presidente disse que risco da pandemia do novo coronavírus ao sistema de saúde "não é tudo isso" e, ao contrário do ministro, criticou a quarentena

    Guilherme Venaglia, Caroline Rosito e Teo Cury , Da CNN, em São Paulo e em Brasília

    O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), comentou nesta quinta-feira (2) a fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que a baixa ocupação de um hospital no Rio de Janeiro representaria que  os riscos da pandemia do novo coronavírus para o sistema de saúde “não é tudo isso que estão pintando”.

    Questionado pela CNN durante entrevista coletiva em Brasília, Mandetta disse “ficar muito feliz” com o fato de o presidente estar “constatando que as medidas estão conseguindo segurar uma espiral de casos”. “E se é no Rio de Janeiro, fico até mais confortado, porque lá tem quase 4 milhões de pessoas em áreas de exclusão social”, completou.

    O discurso do presidente Jair Bolsonaro, no entanto, foi em tom contrário. Ele mais uma vez afirmou que são “radicais” as medidas de restrição à circulação social que estão sendo tomadas pelos governadores e prefeitos pelo país.

    “Vocês sabem a minha posição desde o começo: não pode deixar de trabalhar. Vamos cuidar dos idosos, você cuida do seu pai, eu cuido da minha mãe que está viva, do seu avô, do pessoal que tem problema de saúde”, disse o presidente, que afirmou que “não tem como diminuir” o impacto do coronavírus na saúde.

    “A gente tem que convencer os governadores a não continuarem sendo radicais”, emendou, com críticas em especial ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB). “O Doria acabou de fazer um vídeo agora, assinado pelos governadores do Sul e Sudeste, dizendo que eu sou o responsável e tenho que resolver o problema de arrecadação deles. Eles acabaram com o comércio. O Doria acabou com o comércio do estado. Não pediu para mim, não conversou comigo para fazer aquela loucura”. 

    O presidente ainda ironizou os governadores que, segundo ele, estão com “medinho” de serem contaminados, desafiando-os a saírem às ruas. “Ah, está com medinho de pegar vírus? Pô, tá de brincadeira, pô”.

    Estados Unidos

    O ministro Mandetta reforçou a sua avaliação de que as medidas de contenção são importantes para conter o impacto da COVID-19. Ele citou especificamente os Estados Unidos, país que já tem mais de 187.302 casos e 3.846 mortos pelo novo coronavírus.

    “Tanto os Estados Unidos quanto o Brasil estão com o mesmo grau de dificuldade para adquirir equipamentos. Lá eles têm mais casos, eles começaram mais tarde com as medidas de contenção. Ainda estamos conseguindo, mas temos total noção de que teremos aumento no número de casos. Mas eles estão realmente tendo muita dificuldade, principalmente em Nova York e na Califórnia”, disse.

    Hoje, Brasil e EUA firmaram acordo de cooperação técnica para trocar experiências e informações que possam ser úteis no combate à pandemia da COVID-19. O presidente americano Donald Trump é o principal aliado político do presidente Jair Bolsonaro no cenário internacional.

    Cadastro ou convocação?

    O ministro da Saúde negou que se trate de uma convocação a abertura de um cadastro para que profissionais da área de todo o país se inscrevam para poder reforçar a mão de obra do Sistema Único de Saúde (SUS) durante a pandemia. Mandetta, no entanto, deixou claro que considera que a lei permite ao ministério fazer essa convocação e que essa medida não está descartada caso se faça necessária.

    “Se você entende que você pode sair da sua cidade para ir atender em outra cidade, a qualquer momento. Se você está hígido, bem de saúde, se você entende que você está apto, o Ministério da Saúde vai saber que você pode fazer parte de uma força-tarefa, ajudar a organizar”, disse.

    Ele ressaltou que o caso da Itália, um dos países mais atingidos pela crise, foi marcado por uma elevada infecção de profissionais de saúde. Com a falta de mão de obra e de condições estruturais de saúde, o país europeu passou a vivenciar uma disparada no número de mortos em decorrência do vírus.

    Cremerj

    Luiz Henrique Mandetta fez duras críticas à posição do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), que, segundo ele, vai à Justiça para garantir que seus associados tenham o direito de recusar uma convocação. 

    “Se tiver necessidade, nós iremos convocar sim. Por enquanto nós queremos saber quem quer, quem tem disponibilidade”. 

    Ele citou a crise de dengue enfrentada pelo estado fluminense em 2007 quando ele, enquanto secretário municipal da Saúde de Campo Grande (MS), atuou em força-tarefa para auxiliar o sistema de saúde do Rio de Janeiro.

    “Quando teve uma epidemia de dengue, em 2007, me chamaram, eu era secretário e coordenei a ida de de médicos para ajudar os colegas médicos do Rio de Janeiro a enfrentar a epidemia de dengue”, disse o ministro, que enfatizou que a capital fluminense pode necessitar desta ajuda novamente durante a atual crise. “Uma das cidades que pode mais precisar é justamente o Rio de Janeiro”. 

    Hidroxicloroquina

    Mandetta disse que foi publicado o primeiro estudo relacionado ao uso da hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes com o novo coronavírus. Afirmou que se trata de uma boa notícia, mas que ainda há ressalvas e que a sua pasta continuará se guiando exclusivamente pelos critérios científicos.

    “Primeiro trabalho científico sobre a hidroxicloroquina no New England [Journal of Medicine] mostra algumas boas aplicações. Esse paper [artigo] não passou por nenhuma revisão, é pequeno, são 62 casos. O paper não foi bombardeado. Ele pode, eventualmente, ao ser questionado não manter aquela performance. Mas já é um caminho, já é algo para manter no nosso horizonte”, afirmou. 

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