Mário Fernandes pede absolvição ou pena menor que condenados do núcleo 1

Segundo os advogados, não foi comprovado, em nenhuma etapa do processo, que o general agiu para causar os danos apontados pela PGR

Davi Vittorazzi, da CNN Brasil, Brasília
General Mário Fernandes em manifestação em novembro de 2022
General Mário Fernandes em manifestação em novembro de 2022  • 02/11/2022 - Reprodução/PF
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A defesa do general Mário Fernandes apresentou as alegações finais ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (7) e pediu absolvição por todos os crimes acusados ou condenação menor que condenados do núcleo 1 pelo plano de golpe.

O general admitiu em interrogatório no STF que foi quem elaborou o plano Punhal Verde Amarelo, que previa o assassinato de autoridades, mas que o planejamento era "pensamentos digitalizados".

No núcleo 1, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi quem teve a maior pena, de 27 anos e três meses de prisão. Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) teve a menor, de 16 anos.

"O requerente não pode ser responsabilizado por ações exclusivamente de terceiros, sem qualquer vinculação causal ou subjetiva, uma vez que não cometeu o crime de dano qualificado por violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, resultando em prejuízo significativo à vítima, tampouco pelo dano a bem tombado", alegam os advogados.

Segundo os advogados, não foi comprovado, em nenhuma etapa do processo, que o general agiu sozinho de forma a causar os danos alegados. Mesmo que suas ações fossem excluídas, os fatos atribuídos aos outros acusados continuariam válidos, o que mostra que não há um nexo direto de causa entre a conduta do militar e os danos.

A fase de apresentação de alegações finais é a última antes do relator, ministro Alexandre de Moraes, liberar o caso para julgamento. Todos os processos da trama golpista tramitam na Primeira Turma do STF, agora presidida por Flávio Dino.

Quando apresentou as alegações finais, a PGR pediu a condenação de todos os envolvidos do grupo. Em uma peça de 342 páginas, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, argumentou que a organização criminosa fez "questão de documentar quase todas as fases de sua empreitada".

A acusação citou o documento “Operação 142” encontrado em uma pasta intitulada “memórias importantes”, o plano "Punhal Verde e Amarelo" e a "minuta do golpe".

"As provas, na realidade, vinculam subjetivamente os acusados à cadeia causal dos atos de 8.1.2023. Ações e omissões dolosas causaram o desfecho devastador", sustentou o procurador-geral da República. Segundo Gonet, todo o plano de golpe visava em manter o então presidente Jair Bolsonaro (PL) — já condenado a 27 anos e três meses de prisão — no poder.