MEC anuncia penalidades para cursos de medicina mal avaliados

Avaliação especifica para faculdades de medicina será aplicada a partir de outubro. Instituições que não atingirem nota mínima poderão ser fechadas

Marina Demori, da CNN, Brasília
Avaliação será feita por meio do Enamed (Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica)  • Freepik
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O ministro da Educação, Camilo Santana, e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciaram, nesta terça-feira (19), que cursos de medicina mal avaliados poderão ser suspensos, a partir do ano que vem, se não se adequarem às exigências impostas.

O objetivo, segundo os ministros, é tentar “moralizar e garantir qualidade” nos cursos de medicina oferecidos no Brasil.

“Caso os problemas encontrados nos cursos e instituições de ensino não sejam solucionados, as faculdades podem ser obrigadas a reduzir a oferta de vagas no vestibular. Outra possibilidade é a desativação permanente dos cursos que não alcançarem resultados satisfatórios”, disse Santana.

A avaliação será feita por meio do Enamed (Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica), ferramenta específica para medir a qualidade dos cursos de medicina no Brasil, que vai ser aplicado pela primeira vez no dia 19 de outubro. Mais de 96 mil estudantes já se inscreveram.

A prova segue os moldes do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), que avalia o desempenho dos estudantes em cursos de graduação.

Segundo o governo, as instituições que pontuarem abaixo do esperado serão alvo de medidas cautelares imediatas, que incluem o impedimento de ampliação no número de vagas ofertadas, a suspensão de novos contratos do Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) e a suspensão do Prouni (Programa Universidade para Todos).

As faculdades que obtiverem nota abaixo de 2 também poderão sofrer redução de oferta de vagas para novos estudantes e, em casos mais críticos, ficarão proibidas de matricular novos alunos.

A partir das notificações do MEC, as instituições de ensino terão um prazo de 30 dias para apresentar sua defesa.

Segundo o ministro da Educação, o principal insumo para a revisão das medidas será o Enamed do ano seguinte. Caso não sejam provadas melhorias, o MEC poderá fechar os cursos com resultado insatisfatório.

A expansão desordenada e a queda na qualidade do ensino, segundo o governo, motivou a elaboração de medidas a serem aplicadas.

Segundo o governo, houve uma expansão desordenada do mercado nos últimos 10 anos, especialmente em faculdades particulares, promovida pela judicialização de vagas.

De acordo com dados do MEC, o número de vagas ofertadas em faculdades particulares subiu de 7.424 em 2012 para 46.152 em 2023. Enquanto que, nas universidades públicas, o número de vagas subiu de 10.217 para 14.403, no mesmo período.

Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o crescimento da oferta de vagas e quantidade de faculdades ocorreu, em muitos casos, por via judicial e sem critérios de infraestrutura e corpo docente, o que gerou queda da qualidade do ensino.

No Enade de 2023, apenas seis dos 305 cursos avaliados atingiram nota máxima.

“Virou um vácuo regulatório, esse vácuo abriu a avenida para a metástase de escolas médicas sendo criadas por meio de judicialização”, disse Padilha.

Visitas presenciais

Para melhorar a fiscalização da qualidade do ensino nas faculdades de medicina, o MEC também anunciou que em 2026, realizará visitas presenciais em todos os cursos de medicina do país sem aviso prévio às instituições.

Os resultados das visitas poderão levar à processos de supervisão nos cursos com indicadores abaixo da qualidade mínima.