Médico que tratou Lula é filho de delegado que liberou presidente para enterro da mãe na ditadura
Rogério Tuma integrou equipe médica que acompanhou presidente na recente internação em São Paulo


Um dos integrantes da equipe médica que acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na recente internação em São Paulo, Rogério Tuma, é filho do ex-senador Romeu Tuma, que foi responsável por autorizar a ida do petista ao enterro de sua mãe no período em que foi preso, durante a ditadura militar.
Lula foi detido em 19 de abril de 1980, durante uma greve dos metalúrgicos que reivindicava aumento salarial e redução da jornada de trabalho na região do ABC Paulista.
Ele ficou preso no Dops (Departamento de Ordem e Política Social) — um dos principais órgãos de repressão da ditadura — por 31 dias. Tuma foi chefe da instituição entre 1977 e 1982.
A mãe do então sindicalista, Eurídice Ferreira de Melo, conhecida como “Dona Lindu”, morreu em 12 de maio daquele mesmo ano, aos 64 anos.
Na ocasião, Tuma permitiu que Lula visitasse o corpo da mãe no Hospital Beneficência Portuguesa, na capital paulista, com a condição que o então operário não falasse com a imprensa.
No dia seguinte, ele também foi liberado para ir ao velório, que ocorreu no Cemitério de Vila Paulicéia, em São Bernardo do Campo. Após o enterro, seguiu de volta para o cárcere, escoltado por policiais.
Lula foi solto no dia 20 de maio de 1980.
O Dops foi extinto em 1983. Romeu Tuma foi então nomeado para a superintendência paulista da Polícia Federal. Depois, chegou à diretoria-geral da corporação. Ele foi eleito senador em 1994 e em 2002.
Durante os 16 anos de política filiou-se ao PL, PSL, PFL e, por fim, ao PTB, quando passou a integrar a base de apoio de Lula, que era já presidente da República. Romeu Tuma morreu em 2010.
Internação de Lula
Lula foi internado em São Paulo na madrugada da última terça-feira (10), quando precisou passar por uma cirurgia de emergência para conter uma hemorragia intracraniana.
Dois dias depois, na quinta-feira (12), o presidente foi submetido a um novo procedimento médico para evitar novos sangramentos.
O chefe do Executivo teve alta no domingo (15) e deve permanecer na capital paulista até a próxima quinta-feira (19), quando passará por uma reavaliação.
*Com informações do Estadão Conteúdo
**Sob supervisão de Renata Souza