Moraes diz que Justiça Eleitoral era "inimigo a ser extirpado" por réus

Ministro ainda citou a utilização de "milícias digitais" durante as lives realizadas pelo ex-presidente "para atentar contra poderes constituídos"

Gabriela Boechat, Davi Vittorazzi e Leticia Martins, da CNN, Brasília e São Paulo
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.  • Gustavo Moreno/STF
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O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) afirmou, nesta terça-feira (9), durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete réus da trama golpista, que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e o sistema eleitoral brasileiro eram o "inimigo a ser extirpado" pelos integrantes da organização criminosa, que era liderada pelo ex-chefe do Executivo, segundo o magistrado.

"A Justiça Eleitoral e Tribunal Superior Eleitoral eram o inimigo a ser vencido, o inimigo a ser derrubado, a ser extirpado", afirmou Moraes.

Segundo o ministro, as lives do ex-presidente contavam com robôs para espalhar desinformações.

"Era realizado, a partir de um complexo sistema de financiamento, produção e divulgação, utilização de números robôs, inclusive se divulgar essa desinformação de forma massiva, para realmente atentar contra os poderes constituídos", disse o ministro, que também citou a utilização das denominadas "milícias digitais".

Quem são os réus do núcleo 1?

Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, o núcleo crucial do plano de golpe:

  • Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
  • Almir Garnier, almirante de esquadra que comandou a Marinha no governo de Bolsonaro;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Bolsonaro;
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
  • Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa de Bolsonaro; e
  • Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Bolsonaro, candidato a vice-presidente em 2022.

Por quais crimes os réus estão sendo acusados?

Bolsonaro e outros réus respondem na Suprema Corte a cinco crimes. São eles:

  • Organização criminosa armada;
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • Golpe de Estado;
  • Dano qualificado pela violência e ameaça grave;
  • Deterioração de patrimônio tombado.

A exceção fica por conta de Ramagem. No início de maio, a Câmara dos Deputados aprovou um pedido de suspensão a ação penal contra o parlamentar. Com isso, ele responde somente aos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Cronograma do julgamento

Nesta semana foram reservadas quatro datas para as sessões do julgamento, veja:

  • 9 de setembro, terça-feira, 9h às 12h e 14h às 19h;
  • 10 de setembro, quarta-feira, 9h às 12h;
  • 11 de setembro, quinta-feira, 9h às 12h e 14h às 19h; e
  • 12 de setembro, sexta-feira, 9h às 12h e 14h às 19h.