Mourão diz que Bolsonaro estava pronto para entregar governo a Lula

Em depoimento ao STF, ex-vice-presidente defendeu Bolsonaro e afirmou desconhecer qualquer tratativa sobre golpe de Estado

Gabriela Boechat, da CNN, Brasília
Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) realiza reunião com 13 itens. Entre eles, o PDL 553/2021, que aprova o texto do Tratado entre a República Federativa do Brasil e a Ucrânia para Assistência Jurídica Mútua e Relações Jurídicas em Matéria Civil, assinado em Brasília, em 2 de agosto de 2018. Em destaque, à bancada, senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS).
Mourão: "Falei também com Ciro Nogueira para que ele iniciasse a liderança da transição, mostrando claramente que Bolsonaro estava pronto para entregar o governo"  • Saulo Cruz/Agência Senado
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O senador e ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou nesta sexta-feira (23) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava pronto para entregar o governo federal para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Mourão prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) como testemunha da suposta trama golpista.

O senador afirmou desconhecer qualquer tratativa sobre um plano para impedir a posse de Lula (PT) e manter Bolsonaro no poder.

Segundo ele, todas as reuniões das quais participou após as eleições tratavam somente da transição de governos.

Mourão relatou que tentou contato com o ex-presidente no dia do resultado do pleito, mas não chegaram a conversar muito porque Bolsonaro estava “abatido”.

No dia seguinte, reuniram-se no Palácio do Planalto para discutir a fase de transição e Mourão negou qualquer ordem de Bolsonaro para atrapalhar o processo.

“No dia seguinte à nossa derrota, estive no Palácio do Planalto. Falei [a Bolsonaro] que entraria em contato com [Geraldo] Alckmin para me colocar à disposição, de modo que tivéssemos uma comunicação com o governo eleito. Falei também com Ciro Nogueira para que ele iniciasse a liderança da transição, mostrando claramente que Bolsonaro estava pronto para entregar o governo para o presidente recém-eleito”, disse.

As audiências de testemunha estão sendo realizadas por videoconferência e devem ocorrer até o dia 2 de junho. Além de Mourão, prestaram depoimento nesta sexta o comandante da Marina, Almir Garnier; o ex-ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff (PT) Aldo rebelo; e mais quatro pessoas.

Até então, já foram ouvidas 19 das 82 testemunhas arroladas no processo contra o chamado “núcleo 1” da trama golpista, considerado o grupo central na tentativa de ruptura institucional.