Nada autoriza, nem justifica a postura dele, diz vereadora assediada por colega em SC

Em entrevista à CNN, Carla Ayres (PT-SC) disse que a postura do vereador Marquinhos da Silva (PSC-SC) pode parecer uma "brincadeira", mas é extremamente violenta e constrangedora

Fernanda Pinotti, Ludmila Candal e Carolina Figueiredo, da CNN, em São Paulo
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A vereadora de Florianópolis Carla Ayres (PT) foi assediada pelo colega Marquinhos da Silva (PSC) durante sessão na Câmara Municipal nesta quarta-feira (7). Em entrevista à CNN, a vereadora disse que nada autoriza, nem justifica a postura de seu colega.

Ayres explicou que após finalizar a discussão de um projeto, da qual o vereador sequer participava diretamente, ela desceu da tribuna e sentiu ele a puxando pelo braço, brincando com o fato dela ter perdido o debate. Quando ela tenta seguir para sua mesa, ele segura os braços e tenta dar um beijo no rosto da parlamentar.

"Eu não esperava aquilo, não pedi por aquilo e não dei aquela liberdade", disse Ayres. Para ela, o gesto expressa como o patriarcado e a misoginia autorizam os homens a terem posturas desse tipo sobre os corpos das mulheres.

A vereadora disse que levou um tempo para "cair a ficha" do significado da postura dele. Após conversar com sua advogada e com o presidente da Câmara Municipal, ela decidiu encaminhar uma representação para a mesa diretora solicitando a imediata convocação da Comissão de Ética e as medidas cabíveis a ação do colega. "Estamos estudando também as possíveis medidas na área cível e talvez na criminal."

Ela disse que no final da sessão, da Silva chegou a se aproximar para pedir desculpas, mas ela pediu que ele se afastasse.

Ayres explicou que Florianópolis e o país passam por um momento de eleição de muitas mulheres no Legislativo, "e isso muda a dinâmica de comportamento de um parlamento". Ela exemplifica que outras vereadoras já se sentiram desconfortáveis com a postura dos homens na Câmara.

"Isso mostra a sutileza com que a misoginia se apresenta, moldada como uma brincadeira, que na verdade é extremamente violenta e constrangedora."