O que se sabe sobre o caso da deputada do PT detida em Israel
Outros 14 brasileiros estavam nas embarcações com ajuda humanitária que tentavam chegar à Faixa de Gaza

A deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) está entre os quinze brasileiros que tentavam chegar à Faixa de Gaza em cerca de 40 barcos da Flotilha Global Sumud (GSF), interceptada por militares israelenses na quarta-feira (1º). O objetivo do grupo era oferecer ajuda humanitária a palestinos que vivem na região.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou que diversas embarcações foram “paradas com segurança” e os passageiros seriam “transferidos para um porto israelense”.
“Greta e seus amigos estão seguros e saudáveis”, escreveu a pasta em uma publicação na rede social X, referindo-se à ativista sueca Greta Thunberg, que pode ser vista sentada no chão cercada por militares em um vídeo que acompanha a postagem na mídia social.
O governo brasileiro condenou o que chamou de “interceptação ilegal” e “detenção arbitrária”.
“Tendo em vista o caráter pacífico da flotilha e seu objetivo de realizar entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, sua interceptação por forças israelenses constitui grave violação ao direito internacional, incluindo o direito marítimo internacional, em particular a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), que consagra a liberdade de navegação”, informou o Itamaraty em nota.
Veja passo a passo o que se sabe sobre a participação de Luizianne Lins no caso:
A interceptação da flotilha
Os primeiros navios foram interceptados e abordados pelas forças israelenses na noite de quarta-feira (1°), horário local, a cerca de quase 130 km de Gaza, segundo a GSF, que acusou Israel de atacar agressivamente suas embarcações.
A GSF informou no Telegram que uma embarcação foi "deliberadamente abalroada", enquanto outras duas foram "alvo de canhões de água". A agência publicou um vídeo que mostrava a embarcação Yulara sendo atingida por canhões de água, acrescentando que ninguém a bordo ficou ferido.
Como a deputada chegou lá
Ela pediu licença do mandato no fim de agosto para participar do comboio, que conta também com parlamentares italianos e espanhóis.
O grupo partiu de Barcelona, na Espanha, em 31 de agosto e foi reforçado por outros navios ativistas à medida que se aproximava de Gaza.
Qual foi o último contato dela
Na noite de terça-feira (30), Luizianne publicou nos stories do Instagram que as embarcações da missão humanitária haviam entrado em uma “zona de alto risco”. Ela compartilhou ainda que todos a bordo foram orientados a vestir coletes salva-vidas diante da proximidade de um navio israelense.
“Embarcações não identificadas se aproximaram de vários barcos na flotilha, alguns com as luzes apagadas. Os participantes aplicaram protocolos de segurança em preparação para uma interceptação. As embarcações já deixaram a flotilha”, disse a cearense na publicação seguinte.
Ela complementou: “Continuamos navegando para Gaza nos aproximando da marca de 120 milhas náuticas, perto da área onde as flotilhas anteriores foram interceptadas e/ou atacadas”.
O que Itamaraty e a Câmara dos deputados já fizeram
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que acionou o Ministério das Relações Exteriores assim que soube da detenção da deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) pela Marinha de Israel.
Hugo afirmou que quer restaurar a liberdade da parlamentar o quanto antes, e defender os direitos dos demais brasileiros que estavam no barco
"Confesso que a notícia me pegou de surpresa. Imediatamente liguei para o chanceler Mauro Vieira solicitando todo o apoio do Itamaraty e contato com as autoridades israelenses visando que a deputada Luizianne possa ter as suas prerrogativas enquanto parlamentar respeitadas, bem como os direitos dos demais brasileiros que também estão passando por esse momento", disse no Plenário.
Nesta sexta-feira (3), uma delegação do Ministério das Relações Exteriores brasileiro deve visitar os detidos. O anúncio foi feito após reunião do ministro Mauro Vieira com deputados federais para discutir a situação dos brasileiros em Gaza.