Oposição articula CPI sobre violência policial em SP; aliados de Tarcísio defendem governo
Avaliação no Palácio dos Bandeirantes é que governador tem base sólida o suficiente para barrar a proposta
A oposição ao governo Tarcísio de Freitas na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) está articulando uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o aumento da violência policial no estado.
A deputada Paula Nunes, a Paula da Bancada Feminista, lidera os esforços para angariar assinaturas entre os deputados.
Até o final da manhã desta sexta-feira (6) foram obtidas 16 assinaturas — são necessárias 32 para que a CPI seja oficialmente instalada.
Apesar dessa movimentação da oposição, aliados do governador Tarcísio de Freitas demonstram confiança de que o pedido de CPI não prosperará.
No Palácio dos Bandeirantes, a avaliação é que Tarcísio possui uma base sólida o suficiente para barrar a proposta, e que a comissão dificilmente será instaurada.
De acordo com essas fontes, o governador e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, já tomaram medidas concretas para enfrentar a crise na segurança pública, incluindo promessas de mudanças nas instruções aos agentes da Polícia Militar (PM) e a prisão do responsável pelo caso de maior repercussão — o homem atirado do alto de uma ponte na madrugada desta segunda-feira (2).
A deputada mira convencer deputados não só de oposição, mas também da base de Tarcísio.
Segundo Paula Nunes, a CPI que mira o aumento da violência no estado de São Paulo é um assunto grave e importante, e questões de alinhamento político devem ficar de lado.
O argumento é usado para tentar convencer deputados da base governista a assinarem o pedido.
O que aliados do governador têm dito é que a crise na Segurança Pública estadual já foi superada.
As posições públicas de Tarcísio e Derrite, além de “ações concretas” de punição são sinalizações, para integrantes do governo, suficientes para virar a página.
Os aliados defendem punição aos agentes responsáveis pelo que chamam de “casos isolados”, e reiteram que ninguém passa a mão na cabeça dos policiais, mas fazem sempre questão de destacar a diminuição nos índices de criminalidade.
O argumento é que mais casos estão surgindo porque há mais ação de policiais nas ruas, e proporcionalmente a boa conduta dos policiais é maioria.
Mas a oposição insiste que há uma onda de violência e no requerimento ao qual a CNN teve acesso, do pedido de CPI, cita que não são casos isolados e que durante a gestão Tarcísio há aumento de letalidade policial, morte de agentes, além de casos emblemáticos de grande repercussão, que são detalhados no documento.
As mortes cometidas por policiais militares de São Paulo registraram um aumento de 98% nos dois primeiros anos do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Entre janeiro e novembro de 2022, último ano da gestão anterior da Secretaria de Segurança Pública (SSP), foram 355 ocorrências. No mesmo período de 2024, segundo ano da gestão do capitão da reserva Guilherme Derrite, o número saltou para 702 mortes por intervenção policial.