Pedi que Ricardo Barros deponha ainda nesta semana à CPI, diz Fernando Bezerra

Líder do governo no Senado, parlamentar afirma que Barros quer 'refutar ilações' dos irmãos Miranda

Elis Franco e Gregory Prudenciano, da CNN, em São Paulo
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O líder do governo Jair Bolsonaro no Senado Federal, Fernando Bezerra (MDB-PE), disse à CNN nesta segunda-feira (28) que pediu ao presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM) que o deputado Ricardo Barros (PP-PR) seja convocado a prestar depoimento na comissão o quanto antes, de preferência ainda nesta semana. 

Barros, que é líder do governo na Câmara dos Deputados, teria sido apontado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como tendo "um rolo" no Ministério da Saúde que envolve a compra das vacinas Covaxin, contra a Covid-19, segundo versão apresentada na sexta-feira (25) à CPI pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, que é servidor da área de importação do Ministério da Saúde. 

Segundo Bezerra, Ricardo Barros quer ir à CPI para "refutar e rechaçar todas as alegações, ilações que foram trazidas durante o depoimento dos irmãos Miranda". Em nota divulgada no domingo (27), o líder do governo na Câmara negou que tenha relação com a compra das vacinas da Covaxin e disse que o "rolo" a que Bolsonaro teria se referido era uma compra de R$ 20 milhões em medicamentos de alto custo feita em 2018, quando Barros era ministro da Saúde do governo Michel Temer. Os remédios nunca foram entregues.

Na ocasião, o governo comprou os medicamentos da Global Gestão de Saúde, empresa que é sócia da Precisa Medicamentos, companhia que representa o laboratório indiano Bharat Biotech no Brasil, fabricante da Covaxin. Ambas as empresas são de propriedade de Francisco Maximiano. 

'Não há irregularidade no contrato da Covaxin'

À CNN, o senador Fernando Bezerra afirmou que nenhum dos fatos trazidos até o momento indicam "qualquer irregularidade" na compra da Covaxin, cujo contrato, de R$ 1,6 bilhão, é para o fornecimento de 20 milhões de doses. 

"O TCU se manifestou preliminarmente em relação a esse contrato, não foi apontada nenhuma irregularidade, não existe nenhum sobrepreço em relação à Covaxin", argumentou o político. 

De acordo com Bezerra, o presidente Jair Bolsonaro "tem compromisso com a transparência, com a verdade e com a regularidade das ações do seu governo", e é o maior interessado em ter todos os atos do governo acontecendo dentro da lei. 

Bolsonaro e Ricardo Barros
O presidente Jair Bolsonaro e o deputado Ricardo Barros (28.set.2020)
Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Se gravou Bolsonaro, Luis Miranda cometeu crime, diz Bezerra

Fernando Bezerra disse que o deputado Luis Miranda tem insinuado que teria gravado sua conversa com o presidente Jair Bolsonaro em 20 de março deste ano, quando os irmãos Miranda teriam alertado o presidente sobre as suspeitas de irregularidades na compra da Covaxin. 

Segundo o senador, se Luis Miranda de fato gravou Bolsonaro, o deputado incorreu em crime. À CNN, o deputado disse que se o presidente desmentir suas afirmações à CPI, "vai me forçar a fazer o que não quero", sem especificar a que se referiu. 

Para Bezerra, as falas de Miranda são parte de um "joguinho" que o deputado vem fazendo. "Agora ele esta fazendo joguinho também com eventual gravação do presidente da República, isso é crime", advertiu o senador. "Se ele gravou, a pergunta é porque não apresentou à CPI? Ele deveria trazer à baila". 

Senador Fernando Bezerra (MDB -PE)
Senador Fernando Bezerra (MDB -PE)
Foto: Reprodução / CNN