PF abre inquérito para apurar possível espionagem da Abin
Investigação ficará sob responsabilidade da Diretoria de Inteligência da Polícia Federal em Brasília
A Polícia Federal abriu nesta quinta-feira (16) inquérito para apurar possível espionagem feita pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O órgão confirmou que usou um programa secreto com capacidade para monitorar 10 mil pessoas por ano simultaneamente, sem autorização judicial.
O inquérito ficará sob responsabilidade da Diretoria de Inteligência da PF, na sede da instituição, em Brasília.
O pedido de investigação partiu do ministro da Justiça, Flávio Dino, ao diretor da PF, Andrei Rodrigues.
Com essa apuração, a PF quer saber quem foi monitorado, em qual período e o motivo, para quê ou quem serviriam essas informações.
Outra dúvida a ser esclarecida é se foram feitos relatórios e onde estariam esses documentos elaborados.
Espionagem
A Abin utilizou durante quase quatro anos um sistema secreto para monitorar até 10 mil proprietários de celulares a cada 12 meses.
As informações foram reveladas pelo jornal “O Globo” e confirmadas pela agência.
Chamada “FirstMile”, a ferramenta solicitava que fosse digitado o número do contato e, a partir disso, poderia ser acompanhado em um mapa, com as redes 2G, 3G e 4G, a última localização do dono do aparelho.
O programa permitia que fosse rastreado o paradeiro de alguém com os dados que eram transferidos do celular para torres de telecomunicações instaladas em diferentes regiões. Com essas informações, era possível ver o histórico de deslocamentos e criar “alertas em tempo real” de movimentações em diferentes endereços.
Procurada pela CNN, a Abin explicou que “o contrato 567/2018, de caráter sigiloso, teve início em 26 de dezembro de 2018 e foi encerrado em 8 de maio de 2021.”