PF: Bolsonaro e o filho Eduardo buscaram coagir autoridades por impunidade
Ex-presidente e o deputado federal foram indiciados pela Polícia Federal nesta quarta-feira (20) por atuação para obstruir as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado

A PF (Polícia Federal) indiciou, nesta quarta-feira (20), Jair Bolsonaro e o filho dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, pela atuação nos Estados Unidos para obstruir as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado, na qual o ex-presidente é o principal réu.
Segundo o relatório da PF, Jair e Eduardo "atuam de forma subordinada a interesses de agentes estrangeiros". Os investigadores ainda apontarem "fortes indícios de repasse de dados estratégicos quanto a possíveis cenários de natureza eleitoral e política em troca de apoio internacional".
Ainda de acordo com os investigadores, pai e filho teriam praticados "atos atentatórios aos interesses e a soberania nacional, visando objetivos pessoais". Para a PF, Bolsonaro e Eduardo tentaram coagir autoridades brasileiras para "obter uma situação jurídica de impunidade em relação às imputações penais que estão sob julgamento na Suprema Corte brasileira". O julgamento do ex-presidente no processo da tentativa de golpe de Estado está previsto para acontecer no dia 2 de setembro.
Entre os argumentos de que o ex-presidente atua "de forma subordinada a interesses de agentes estrangeiros" estão conversas entre Bolsonaro e o advogado Martin De Luca, representante da Trump Media no Brasil.
Um diálogo destacado pela PF mostra uma mensagem de áudio que teria sido enviada por Bolsonaro pedindo orientações ao advogado da Trump Media sobre uma publicação que faria nas redes.
"Martin, peço que você me oriente também, me desculpa aqui tá, minha modéstia, como proceder. Eu fiz uma nota, acho que eu te mandei. Tá certo? Com quatro pequenos parágrafos, boa, elogiando o Trump, falando que a questão de liberdade tá muito acima da questão econômica. A perseguição a meu nome também, coisa que me sinto muito... pô fiquei muito feliz com o Trump, muita gratidão a ele. Me orienta uma nota pequena da tua parte, que eu possa fazer aqui, botar nas minhas mídias, pra chegar a vocês de volta aí. Obrigado aí. Valeu, Martin", teria dito.
O advogado respondeu dizendo que enviaria a nota no mesmo dia e que o comunicado seria, na visão dele, um resumo de como "melhorar a comunicação em relação ao tarifaço".
A PF indiciou Jair e Eduardo Bolsonaro pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, por meio da restrição ao exercício dos poderes constitucionais.
O relatório foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que deve enviar à PGR (Procuradoria-Geral da República). Caberá ao PGR, Paulo Gonet, oferecer ou não a denúncia. Gonet ainda pode requisitar diligências complementares ou pedir o arquivamento da investigação.