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    PF diz que indiciados tentaram obter informações sobre delação premiada de Cid

    Documentos foram encontrados na sede do Partido Liberal, em mesa de assessor do general Braga Netto

    Leonardo Ribbeiroda CNN , Brasília

    A Polícia Federal (PF) encontrou evidências de que investigados na suposta trama golpista tentaram ter acesso a informações privilegiadas sobre o acordo de delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

    As informações contam no relatório, divulgado nesta terça-feira (26), que indiciou 37 pessoas por suposta tentativa de golpe, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.

    Em uma busca e apreensão na sede do Partido Liberal, os investigadores encontraram documentos na mesa de coronel Flávio Botelho Peregrino, assessor do general Braga Netto, que indicam a busca por informações sobre o conteúdo da delação de Cid e mostra a preocupação dos indiciados sobre o que poderia ter sido delatado.

    “O contexto do referido documento confirma que o grupo criminoso praticou atos concretos para ter acesso ao conteúdo do Acordo de colaboração firmado por Mauro Cesar Cid com a Polícia Federal”, diz a PF..

    “Ademais, cabe ressaltar que o documento estava na mesa do coronel Peregrino, assessor do general Braga Netto, figura central nos atos que tinham o objetivo de subverter o regime democrático no Brasil, logo, pessoa interessada em saber o conteúdo do que fora revelado pelo colaborador”, adiciona a corporação.

    Além da preocupação com a delação ter relatado ações de Braga Netto, o grupo aparentava estar apreensivo com a PF tendo obtido o documento “Minuta do 142”, que esboçava o decreto de instauração do estado de exceção no Brasil.

    Perguntas e respostas

    Em pastas que estavam sobre a mesa do coronel Peregrino, foi encontrado um documento que descreve perguntas e respostas relacionadas ao acordo de colaboração premiada firmado por Mauro Cesar Cid com a Polícia Federal.

    O conteúdo, segundo a PF, indica se tratar de respostas dadas por Mauro Cid a questionamentos feitos por alguém, possivelmente do grupo investigado, que aparenta preocupação sobre temas identificados pela Polícia Federal relacionados à tentativa de golpe de Estado.

    “A resposta à primeira pergunta foi dada na primeira pessoa do singular, indicando que possa ter sido escrita ou repassada pelo próprio colaborador Mauro Cid. O questionamento é sobre o que foi delatado sobre as reuniões. Na resposta a pessoa afirma que ‘nada’ e, em seguida, explica como teria dado a explicação: ‘Eu não entrava nas reuniões. Só colocava o pessoal para dentro’”, destacam.

    A segunda pergunta é sobre a existência de uma minuta física sobre o artigo 142. A resposta é dada de forma lacônica, se referindo, de acordo com a investigação, possivelmente aos investigadores da Polícia Federal. Diz: “Eles sabem de coisas que não estavam em lugar nenhum (e-mail, celular etc)”.

    “A terceira indagação novamente evidencia a preocupação com fatos e pessoas identificadas na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, no caso, Filipe Martins. Novamente de forma breve, a pessoa responde afirmando: ‘Sabem dele por outros meios’”, descreve o documento.

    A CNN tenta contato com os citados. Mas até o momento não obteve retorno.

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