PGR pede condenação dos seis réus do núcleo 2 da trama golpista

Grupo é o último das ações sobre golpe a ser julgado; advogados de defesa falarão em seguida

Gabriela Boechat, da CNN Brasil
Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet  • Fellipe Sampaio /STF
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O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu nesta terça-feira (9) a condenação dos seis réus do "núcleo 2" da trama golpista.

Para Gonet, todos devem ser condenados pelos cinco crimes da denúncia: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. 

De acordo com o procurador, o grupo agiu para manter Jair Bolsonaro no poder por meio de interferência no processo eleitoral, monitoramento de autoridades e preparação de medidas de exceção.

Para Gonet, Marília de Alencar e Fernando Oliveira, então ocupantes de cargos estratégicos no Ministério da Justiça, manipularam informações de inteligência para cidades onde Lula teve mais votos no primeiro turno e para orientar operações da PRF (Polícia Rodoviária Federal), comandada pelo réu Silvinei Vasques, com o objetivo de dificultar o acesso desses eleitores às urnas.

O procurador também sustenta que os réus contribuíram para o 8 de Janeiro ao ignorarem alertas de violência iminente. Já com cargos na estrutura de segurança do Distrito Federal, Marília e Fernando teriam sido omissos diante de ações preventivas para permitir um cenário de caos social que, segundo a acusação, serviria de justificativa para uma intervenção militar.

Ainda segundo Gonet, Mário Fernandes coordenou a ala mais violenta do plano, elaborando propostas de assassinato de autoridades. Marcelo Câmara, por sua vez, teria atuado na coleta de dados e informações sensíveis para subsidiar essas ações.

O procurador afirma ainda que Filipe Martins foi responsável pela minuta do decreto que instauraria medidas excepcionais para manter Bolsonaro no poder. Provas mencionadas indicam que ele apresentou o documento ao ex-presidente e a comandantes das Forças Armadas, além de integrar o comitê de crise previsto para ser instalado após o golpe.

O julgamento desta terça (9) começou com a leitura do relatório do caso pelo ministro Alexandre de Moraes, que é o relator da ação. Em seguida, falou a PGR.

Agora, terão a palavra os advogados dos réus. Cada um tem até uma hora para a sustentação oral, momento no qual questionam as alegações da PGR e apresentam provas da inocência de seus clientes.  

Somente depois os ministros votam, começando por Alexandre de Moraes. Além do relator, a Primeira Turma é hoje composta por Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. 

O núcleo 2 é formado por: 

  • Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal); 
  • Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro; 
  • Marília Ferreira de Alencar, delegada da PF (Polícia Federal) e ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça; 
  • Fernando de Sousa Oliveira, delegado da PF e ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça e ex-secretário-adjunto de Segurança Pública do DF; 
  • Mario Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência; 
  • Filipe Garcia Martins, ex-assessor da Presidência da República.