PGR pede retomada de inquérito sobre interferência de Bolsonaro na PF
Investigações começaram a partir de relatos do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu nesta quarta-feira (15) que o inquérito que investiga se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por interferências na PF (Polícia Federal) seja retomado. A solicitação foi feita ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
No pedido, Gonet solicita ao ministro que a PF esclareça possíveis relações entre a investigação do inquérito com outras petições que tramitam no Supremo, como da suposta estrutura paralela montada na Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e no GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
"Após, requer nova concessão de vistas para manifestação sobre os relatórios conclusivos das investigações e das diligências complementares requeridas", completa Gonet no pedido.
A investigação foi aberta após o ex-ministro da Justiça e agora senador, Sérgio Moro (União-PR), falar publicamente que via com preocupação a troca de comando da PF pelo então presidente.
Em maio deste ano, Moraes pediu para a Procuradoria se manifestar sobre a investigação em relação ao relatório da PF e uma eventual arquivamento do inquérito.
"Não obstante a apresentação de relatório conclusivo pela Autoridade Policial e de requerimento de arquivamento pelo parquet [PGR], a análise dos autos indica a necessidade de realização de diligências complementares, para possibilitar um juízo adicional e mais abrangente sobre os fatos investigados", argumenta o procurador-geral.
Gonet ainda afirma que o relatório da investigação mostra conversas pelo WhatsApp em que Bolsonaro afirma que a saída do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, já estava decidida, sugerindo que Moro apenas definisse a forma do desligamento.
O ex-presidente também compartilhou uma matéria jornalística sobre investigações da PF envolvendo deputados aliados, dizendo que isso seria “mais um motivo para a troca”.
Diante desses diálogos e do depoimento de Moro, o PGR diz que o relatório aponta a necessidade de investigar se houve interferência ou tentativa de interferência nas investigações da PF, possivelmente utilizando a estrutura estatal e acessando dados sensíveis de forma clandestina.