PT quer evitar eleições internas para não levar atritos ao governo federal
Atual executiva nacional busca consenso para adiar processo interno; primeira reunião da diretoria nacional pós-pandemia será segunda-feira

A atual direção executiva nacional do Partido dos Trabalhadores quer adiar o Processo de Eleições Direta (PED) para formar uma nova gestão. A deliberação para saber se haverá ou não pleito interno deve ser na segunda-feira (13), quando o diretório nacional vai se reunir pela primeira vez presencialmente desde o início da pandemia de Covid-19.
Regimentalmente, as eleições da legenda deveriam ser feitas neste ano, mas a proposta que circula e pode entrar em pauta é para que o pleito que seja postergado para 2025.
O último processo de eleições petistas foi em 2020, quando a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) foi reeleita presidente da legenda. Segundo integrantes do partido, há precedentes de adiamento das eleições internas. A CNN procurou a assessoria da presidente do PT para obter um posicionamento, mas não houve resposta.
"O entendimento é que estamos no primeiro ano de governo, já com muitas atribulações por causa da extrema-direita que quer desestabilizar o país. E uma disputa interna só traria mais dificuldade para o governo", analisou o senador Humberto Costa.
Na reunião, o PT deve ainda discutir e aprovar um documento com a análise da conjuntura nacional e posicionamentos no partido. Há uma expectativa entre os integrantes do partindo que o documento seja "mais à esquerda", inclusive, com possibilidade de críticas à gestão de Roberto Campos Neto, no Banco Central. O tom deve ser semelhante ou até acima ao que o presidente tem adotado em discursos públicos recentes.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já chamou a taxa básica de juros de "vergonha" e criticou também a meta de inflação, considerada baixa pelo governo federal.
A executiva deve oficializar mudanças pontuais, depois que alguns integrantes passaram a ocupar cargos no governo federal. Humberto Costa deve assumir, na reunião, a vice-presidência que representa o Nordeste, no lugar de Márcio Macedo (PT-SE), que está na Secretaria-Geral da Presidência, que tem status de Ministério. Macedo foi tesoureiro da campanha de Lula em 2022.
Já na secretaria-geral do partido, no lugar do atual ocupante Paulo Teixeira, Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, deve assumir Henrique Fontana, ex-deputado federal pelo Rio Grande do Sul.
O cargo é um dos principais da executiva: cabe ao secretário-geral a coordenação da atividade partidária, discussão de posicionamento do partido nas questões da conjuntura nacional e manter contato com parlamentares para atuação em sintonia de deliberações da legenda.
Comemorações
O PT completou 43 anos de fundação nesta sexta-feira (10). Mas as comemorações oficiais vão ser na segunda-feira (13). Além da reunião da executiva nacional, a legenda deve fazer um ato político com a presença de Lula, às 19h, em Brasília. O partido também programou atrações culturais e debates para os dias 12 e 13, na capital federal.


