Ministra: Aprovar derrubada de demarcação seria “retrocesso sem tamanho”

CCJ aprovou projeto para derrubar decretos de Lula sobre homologação de terras indígenas em Santa Catarina

Rachel Amorim, da CNN, Rio de Janeiro
Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas
Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas  • CNN
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A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, disse, nesta quarta-feira (28), que o governo Lula (PT) “faz um trabalho permanente no Congresso Nacional para evitar retrocessos”, mas que há uma bancada parlamentar que faz “toda uma articulação para retroceder”.

A declaração foi dada após Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovar um projeto que derruba decretos do presidente Lula sobre a homologação de terras indígenas em Santa Catarina.

“Se isso se aprova, é um retrocesso sem tamanho na história de demarcação de terras indígenas e dos direitos indígenas no Brasil”, afirmou Sonia, sobre a possibilidade de o Plenário do Senado aprovar o projeto e ele seguir avançando no Congresso.

Falando a jornalistas, Sonia disse que o governo trabalha tanto contra “retrocessos” nos direitos indígenas, como no licenciamento ambiental — cujas mudanças já passaram pelo Plenário do Senado e, agora, estão na Câmara.

“[Mas] todo mundo sabe que o Congresso Nacional tem uma bancada com uma maioria de parlamentares com posição contrária aos direitos indígenas, à demarcação das terras e ao meio ambiente, e fazem toda uma articulação para retroceder”, acrescentou.

“Vamos seguir lutando para reverter (a anulação do decreto e as mudanças no licenciamento ambiental) e também para mudar essa representação no Congresso. Acho que é o caminho que a gente tem”, destacou a ministra.

Título

Nesta quarta, Sonia recebeu o título de doutora honoris causa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi a primeira vez que a Uerj concedeu a honraria mais importante da instituição a uma liderança indígena.

Segundo o relatório que embasou a decisão do conselho da universidade, a homenagem “permite reconhecer o conhecimento indígena como um saber autêntico e extremamente importante para o povo brasileiro”.

Sonia Guajajara é uma liderança indígena reconhecida internacionalmente. Em 2022, foi eleita uma das 100 pessoas mais influentes do ano pela revista Time.

Durante o discurso, Sonia Guajajara se solidarizou à ministra do Meio Ambiente Marina Silva, alvo de ataques em sessão de comissão no Senado, na terça-feira (27).

“Não podemos, de forma alguma, deixar que isso fique impune. Nós, mulheres, precisamos continuar ocupando os espaços sem que um dia nenhuma de nós seja submissa”, afirmou.