Waack: Congresso é forte, governo é fraco

Parece um zigue-zague, mas não é. O que o Congresso está querendo dizer ao Executivo é que de fato exerce seus poderes

William Waack
Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão conjunta do Congresso Nacional destinada à deliberação dos vetos de nºs 46 de 2021; 30 e 65 de 2022; 9, 14 (dispositivos 1 a 3, 5 a 53, 55 a 58, 61 a 64, 66, 67, 109 a 114, 116, 119 a 315, 317, 319 a 390 e 393 a 397), 18, 26 (dispositivos 3 e 5 a 10), 36 (dispositivo 3), 39, 41, 45 (dispositivo 10), 46 (dispositivos 1 a 3, 6, 8 a 12 e 14), 47 (dispositivos 9 a 17) e 48 de 2023; e 1, 4 (dispositivo 64) e 8 de 2024; PLNs nos. 1, 2 e 5 a 11 de 2024; e eleição complementar do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional. Mesa: líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP); presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG); secretário-geral da Mesa do Senado Federal, Gustavo A. Sabóia Vieira. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Plenário da Câmara dos Deputados  • 28/05/2024 - Jefferson Rudy/Agência Senado
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Foi um péssimo dia para o governo Lula 3 no Congresso Nacional. O governo perdeu cada queda de braço que topou levar adiante com os parlamentares.

As derrotas vão desde a "saidinha" dos presos — que o Congresso manteve a proibição — até a proibição de criminalizar a difusão de fake news, que já vinha do governo Bolsonaro. As derrotas abrangeram também matérias relativas a aborto e mudança de sexo.

Os assuntos são bem diversos, mas o recado é muito claro. Quando se tratou de liberação de emendas para parlamentares, as negociações progrediram. Mas as chamadas pautas político-partidárias, aquelas que estão no meio da polarização ou são caras do ponto de vista ideológico, o Congresso bateu feio no governo.

Nem importava muito o mérito das questões, como foi o caso da não criminalização das fake news. Antes, o Congresso achava que seria crime. Bolsonaro vetou. Lula não gostou, mas o Congresso manteve o veto. Ou seja, antes o Congresso achava que devia ser crime e agora acha que não deve ser.

Parece um zigue-zague, mas não é. O que o Congresso está querendo dizer ao Executivo é que de fato exerce seus poderes.

Nenhuma surpresa. A não ser o governo Lula acreditar que resolve, no gogó, o que é hoje uma mudança estrutural de pesos específicos na constelação de poderes em Brasília.

O Congresso é forte. O governo é fraco.