Waack: Haddad vai lidar com uma situação fiscal melhor do que a reputação
Por mais que o discurso político exija que o novo governo afirme que vai começar numa terra arrasada, não é o que os números indicam
Fernando Haddad deve ser confirmado nesta sexta-feira como novo ministro da Fazenda. Ele já se encontrou hoje, quinta, com seu antecessor, Paulo Guedes.
Foi tudo muito transparente e cordial, disse Haddad.
Mas o que Haddad vai dizer quando se confrontar com a herança do governo que está indo embora?
Deixando de lado as paixões políticas – talvez a coisa mais difícil nos dias de hoje – Haddad vai lidar com uma situação fiscal melhor do que a reputação.
Com uma situação de desemprego na faixa do equilíbrio, isto é, o desemprego não é tão grande a ponto de provocar uma recessão nem tão pequeno a ponto de induzir inflação.
A economia não está expandindo de forma exuberante, mas também não está contraindo. A balança comercial é boa. A inflação registra trajetória de queda.
Esse é o ponto de partida para o próximo ministro da fazenda, que terá, graças ao apetite do centrão, um belo espaço para gastar. E, pelo menos no começo, sem ter de dizer de onde virá o dinheiro.
Por mais que o discurso político exija que o novo governo afirme que vai começar numa terra arrasada, não é o que os números indicam.
Não se pode dizer que, no geral, a situação econômica seja perfeita. Longe disso.
Mas não só em nome da cordialidade, vai ser difícil o novo ministro chamar a herança de maldita.