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    William Waack

    Waack: Os cálculos políticos de Lula na hora de cortar gastos

    Lula ainda não terminou de calcular se perde mais politicamente fazendo cortes ou não

    William Waack

    Como se previa, os efeitos do furacão Trump nos Estados Unidos bateram aqui no hemisfério sul.

    E deram ao governo Lula a sensação de que tem de fazer alguma coisa do lado das despesas ao cuidar das contas públicas.

    Visto apenas pela perspectiva doméstica, já faz bastante tempo que se espera que o governo equilibre as contas cuidando também de reduzir despesas. Na verdade, espera-se desde que o governo começou.

    Na metade do mandato, os cálculos aparentemente não deram certo — e trata-se dos cálculos sobretudo políticos.

    A expansão dos gastos sociais não garantiu a popularidade que o governo esperava colher neste momento. E os resultados das eleições municipais indicam dificuldades para as presidenciais de 2026.

    No meio disso tudo, vem a vitória de Trump nos Estados Unidos. Que aperta a situação de Lula e não é por conta de ideologia. É a pressão por uma economia brasileira mais protegida da inflação americana, que se espera que suba com Trump. Com dólar mais caro e protecionismo comercial.

    Ministros têm se utilizado desse argumento para tentar convencer o presidente da necessidade de corte de despesas. Mas Lula até aqui não parece convencido. E as razões são políticas.

    Ele acha que a demanda por reduzir gastos não passa de conspiração de agentes de mercado para tornar seu governo impopular. Continua agarrado ao dogma — sem qualquer pé na realidade — de que gastos sociais não são gastos, são investimentos. E ainda não terminou de calcular se perde mais politicamente fazendo cortes ou não.

    O risco está aumentando. E de fazer pouco, muito tarde.

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