Atividade física intensifica resposta imunológica das vacinas contra a Covid-19
Pesquisa contou com a participação de 748 pacientes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)
Os benefícios das atividades físicas para a saúde já são amplamente conhecidos: condicionamento, força muscular, qualidade do sono, redução do colesterol e triglicérides, além de fazer bem para a saúde mental.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revelou que o exercício físico regular também está associado ao aumento da resposta imunológica à vacina contra a Covid-19, que tende a diminuir ao longo do tempo.
A pesquisa contou com a participação de 748 pacientes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Na análise, foram investigadas a associação entre a atividade física e a presença persistente de anticorpos específicos contra o novo coronavírus no organismo.
Os dados foram avaliados em um período de seis meses após o esquema de duas doses da vacina Coronavac, em pacientes com doenças reumáticas autoimunes, incluindo artrite reumatoide, lúpus, esclerose sistêmica e miopatias inflamatórias. Os resultados foram publicados em formato preprint, ainda sem revisão por pares.
“A atividade física parece não somente montar uma resposta de anticorpos à vacina mais robusta, como também parece aumentar a durabilidade do efeito protetor do imunizante. Se isso se confirmar, teríamos uma ferramenta barata e potencialmente capaz de reduzir a baixa resposta vacinal de grupos de risco, como pessoas com sistema imune disfuncional”, disse Bruno Gualano, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP e especialista em fisiologia do exercício, em um comunicado.
Formação da imunidade
A formação da imunidade a partir das vacinas é um fenômeno complexo que está sujeito a uma série de variáveis, como o perfil da população vacinada, incluindo idade e questões genéticas, além das variantes do novo coronavírus em circulação.
Entender quanto tempo dura a proteção oferecida pelas vacinas é um desafio para cientistas em todo o mundo. Estudos têm demonstrado que os anticorpos induzidos pela vacina contra a Covid-19 diminuem com o tempo.
No entanto, a resposta do sistema imunológico vai além da ação de anticorpos. Quando as vacinas são inoculadas no organismo, elas também contam com uma função essencial de ativação de outras células de defesa do organismo, os chamados linfócitos T.
A resposta celular gerada pelos imunizantes também envolve células de memória do sistema imunológico que permanecem no organismo. Assim, quando o indivíduo entra em contato com o novo coronavírus por meio de uma infecção natural, elas ativam a produção de anticorpos que respondem contra a infecção, evitando principalmente os casos graves, hospitalizações e mortes pela doença.
Como foram feitas as análises
Para avaliar a capacidade da vacina de provocar resposta imune a longo prazo, os pesquisadores da USP realizaram exames sorológicos para verificar as taxas de anticorpos IgG e a presença de anticorpos neutralizantes – os dois indicativos estão associados à resposta à vacina.
O critério utilizado para definir os pacientes entre fisicamente ativos ou inativos foi o parâmetro da Organização Mundial da Saúde (OMS), que diz que uma pessoa é ativa quando realiza alguma atividade física moderada ou vigorosa por pelo menos 150 minutos por semana.
Dos 748 pacientes analisados (sendo 421 ativos e 327 inativos), as taxas de positividade de anticorpos IgG e neutralizantes foram significativamente maiores para os indivíduos ativos do que para os inativos.
“Para cada 10 pacientes inativos que apresentaram soropositividade, 15 ativos tiveram o mesmo resultado”, afirmou Gualano. Segundo a pesquisa, a atividade física além de prevenir doenças crônicas e casos graves de Covid-19, está associada a um benefício na resposta do organismo às vacinas.
(Com informações do Jornal da USP)
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