Crianças com maior risco devem ser priorizadas na vacinação, diz especialista

Em entrevista à CNN, pediatra e infectologista Marco Aurélio Sáfadi explicou que estoque inicial de doses pediátricas não será suficiente: "Teremos que priorizar a vacina"

Duda Cambraia e Léo Lopes, da CNN, em São Paulo
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O Brasil deve receber as primeiras doses pediátricas da vacina contra Covid-19 da Pfizer na próxima quinta-feira (13). O imunizante deve desembarcar às 03h40 em Viracopos, na cidade de Campinas, em um voo da Latam que partirá de Amsterdã, na Holanda.

De acordo com a analista da CNN, Basília Rodrigues, o Ministério da Saúde já possui uma estratégia para acelerar a distribuição dessa leva de 1,248 milhão de doses.

Em entrevista à CNN nesta sábado (8), o infectologista e pediatra Marco Aurélio Sáfadi explicou que é necessário aguardar a chegada dessa vacina para se iniciar a vacinação de crianças de 5 a 11 anos de idade porque há diferenças.

"Essa vacina é diferente da que foi e está sendo utilizada em adultos e adolescentes. Ela tem uma concentração de aproximadamente um terço daquela que é administrada nos outros grupos etários", explicou.

Marco Aurélio Sáfadi, pediatra e infectologista. / Reprodução/CNNBrasil/8.jan.2022
Marco Aurélio Sáfadi, pediatra e infectologista. / Reprodução/CNNBrasil/8.jan.2022

Em relação às crianças que possuem comorbidades, o especialista informou que está sendo feita uma avaliação com dados brasileiros para determinar quais são os grupos mais vulneráveis entre crianças e adolescentes.

"Há dados de outros países que já identificaram que, em crianças e adolescentes, também temos alguns grupos mais frágeis às complicações. De forma geral é muito parecido com os adultos, mas há peculiaridades", disse o presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Por exemplo, o pediatra explica que, em crianças de até dois anos de vida, são fatores preocupação a prematuridade, alterações nas vias aéreas, doenças pulmonares crônicas e doenças cardíacas.

Já em adolescentes, os riscos se assemelham mais aos adultos, como a diabetes, obesidade, asma grave e outras doenças pulmonares, por exemplo.

"O estoque que vem não é suficiente para contemplar todas as crianças imediatamente. Teremos que priorizar a vacina. Não há dúvida que esses grupos devem ser prioritários", disse Sáfadi.