Pazuello diz que sua saída foi resultado de 'ação orquestrada'; assista

General e ex-ministro da Saúde fala em enfrentamentos internos e externos contra a sua gestão na pasta

Da CNN, em São Paulo
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Vídeo interno da cerimônia de posse do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, evidenciou o grau de descontentamento do agora ex-ministro Eduardo Pazuello com a substituição na pasta. A gravação foi obtida pelo colunista da CNN Caio Junqueira.

Em conversa com Queiroga, Pazuello diz ter sido alvo de "ação orquestrada" e afirma que desde o mês passado sabia que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estudava trocá-lo e inclusive que o nome do cardiologista era cogitado.

Ele relatou ao sucessor uma conversa com auxiliares, datada de 23 de fevereiro. "Eu fiz um quadrinho e mostrei todas as ações orquestradas contra o Ministério. Eram oito", afirma o general e ex-ministro.

Ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante vídeo de sua cerimônia de desped
Ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante vídeo de sua cerimônia de despedida do ministério (24.mar.2021)
Foto: CNN Brasil

"Não tinha como chegarmos no dia 20 de março, porque todo o conjunto estava trabalhado", disse. Depois, ele se vira aos auxiliares e diz que o nome de Marcelo Queiroga vinha sendo cogitado desde então. "O Marcelo foi consultado desde o início de fevereiro", diz Pazuello. "O movimento é esse: fechou-se o cerco."

Na fala, Eduardo Pazuello diz que médicos que trabalham no Ministério da Saúde produziram uma nota técnica, enviada ao presidente Jair Bolsonaro, que colocaria a sua gestão em situação vulnerável.

'Grana com fins políticos acontece aqui'

O Ministério da Saúde é "o foco das pressões políticas" e um local onde acontece "a operação de grana com fins políticos", segundo Eduardo Pazuello, general e agora ex-ministro, em cerimônia interna de transmissão de poder para o sucessor, Marcelo Queiroga.

"A operação de grana com fins políticos acontece aqui. Nós conseguimos acabar com 100%? Não vou dizer isso aqui. 100% nem Jesus Cristo", afirma, prosseguindo que na sua gestão a distribuição de recursos teria seguido critérios técnicos.

"'Você não vai aceitar um cara aqui fazendo lobby?' Não. 'Não vamos favorecer o partido A, B ou C?' Não. 'E o operador do fulano ou beltrano?' Não", disse, simulando um diálogo. Ele encerra dizendo que foi alertado que teria problemas com essa postura.

"É assim que funciona. E isso faz com que as pessoas vivem a vida vendo esse procedimento nos observem com outros olhares. Nós não temos conta bancária alta, carros da classe média, sem avião", prossegue.

Publicado por Guilherme Venaglia

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