Fila de transplante de órgãos: entenda critérios e funcionamento
Entenda como funciona a fila de transplante de órgãos no Brasil e quais critérios definem a prioridade dos pacientes.

O Brasil é reconhecido mundialmente como referência na área de transplantes e a fila para órgãos é organizada seguindo critérios rígidos para garantir justiça e transparência no processo. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, em junho de 2025, atualmente 78 mil pessoas aguardam doação de órgãos.
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, mais de 85% dos transplantes realizados no país são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que em 2024 alcançou um marco histórico com mais de 30 mil procedimentos, um crescimento de 18% em relação a 2022.
Como funciona a fila de espera?
Todo o funcionamento da fila é coordenado pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), estrutura do Ministério da Saúde responsável por normatizar, acompanhar e monitorar cada etapa. Essa gestão garante que a ordem de prioridade respeite critérios, assegurando que os transplantes sejam realizados de forma ética, segura e transparente, seguindo os princípios do SUS.
A base do SNT é o Cadastro Técnico Único, a fila de transplante. Essa lista é unificada em todo o país, mas é gerenciada por estado ou região por meio das Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDOs).
É importante frisar que a inscrição do paciente receptor na lista é feita unicamente por uma equipe médica especializada, após avaliação que confirme a necessidade do transplante.
Quais os critérios para entrar na fila de transplante?
Os critérios para entrar na fila de transplante são minuciosos, levando em consideração fatores médicos de cada paciente, sempre com o objetivo de garantir que o órgão chegue ao receptor mais adequado e em tempo seguro.
A lista de espera por órgão funciona baseada em questões como:
- Tipagem sanguínea: compatibilidade entre doador e receptor;
- Compatibilidade de peso e altura: fatores fundamentais para que o órgão se adapte ao corpo do receptor;
- Compatibilidade genética: análises que reduzem o risco de rejeição;
- Critérios de gravidade do caso: variam de acordo com o órgão, pacientes em estado crítico têm prioridade.
O Ministério da Saúde ainda afirma que quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, é estabelecida como fator de desempate. Nesse caso, pacientes em estado grave são atendidos com prioridade.
Como funciona a doação até o órgão chegar ao paciente?
O processo de doação de órgãos é complexo e envolve várias etapas até que um órgão chegue ao receptor certo. No contexto brasileiro, quando há um doador em potencial, com morte encefálica confirmada e autorização da família para a retirada dos órgãos, a equipe médica mantém os recursos necessários para preservar as funções vitais até a captação.
Diante disso, algumas ações são realizadas para que a doação aconteça. O hospital notifica a Central Estadual de Transplante sobre um paciente em morte encefálica ou com parada cardiorrespiratória. No caso da morte encefálica, o paciente se torna um potencial doador de órgãos e tecidos, já em situações de morte por parada cardiorrespiratória, é um potencial doador de tecidos.
Após esse procedimento, a Central de Transplantes espera pela confirmação do diagnóstico de morte encefálica e dá início aos testes de compatibilidade entre o potencial doador e potenciais receptores que estão na lista de espera. É nessa hora que os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde são utilizados.
Nesse momento, a Central de Transplantes identifica os potenciais receptores de cada órgão e aciona os hospitais responsáveis pelo atendimento desses pacientes. A partir dessa ação as equipes responsáveis pelos transplantes, associadas à Central, adotam as medidas necessárias para proporcionar a retirada dos órgãos, como meio de transporte, cirurgiões e pessoal de apoio. Então, os órgãos são retirados e o transplante é feito.
Como se tornar um doador de órgãos no Brasil?
No Brasil, não é preciso fazer um registro com a intenção de se tornar um doador, nem informar em documentos o desejo de doar. O importante nesses casos é notificar à família sobre o desejo de se tornar um doador após a morte, para que os familiares possam autorizar a doação.
Além disso, é importante conversar abertamente sobre o tema, explicando os motivos da escolha. O diálogo pode evitar dúvidas no momento da tomada de decisão. O Ministério da Saúde investe em campanhas permanentes de conscientização para estimular a cultura da doação no país. A cada doador, vários pacientes podem ter uma nova chance de vida.