Nova pílula para diabetes é mais eficaz do que "Ozempic oral", diz estudo

Em estudo clínico, a orfogliprona (Eli Lilly) levou a uma redução da hemoglobina glicada e a uma perda de peso maiores do que a semaglutida oral (Novo Nordisk)

Gabriela Maraccini, da CNN
Recorte aproximado de homem tomando um comprimido branco
Nova pílula da Eli Lilly reduziu a hemoglobina glicada em 2,2%  • Drazen Zigic/GettyImages
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Uma nova pílula para diabetes desenvolvida pela farmacêutica Eli Lilly obteve resultados superiores na redução da hemoglobina glicada e na perda de peso em comparação com a semaglutida oral, princípio ativo da pílula Rybelsus e das canetas Ozempic e Wegovy, da Novo Nordisk. Os resultados foram divulgados nesta quarta-feira (17).

O medicamento tem como princípio ativo a orfogliprona, uma molécula agonista do receptor GLP-1. Ou seja, ela é da mesma classe das canetas injetáveis Ozempic, Wegovy e Mounjaro. No entanto, seu diferencial é ser um medicamento oral, assim como o Rybelsus, conhecido popularmente como "Ozempic oral".

Segundo o estudo clínico de fase 3 ACHIEVE-3 -- que avaliou a eficácia e a segurança da orfogliprona em comparação com a semaglutida oral --, as doses mais altas da pílula oral da Eli Lilly reduziram a hemoglobina glicada em 2,2%, contra uma redução de 1,4% de seu concorrente.

Além disso, os pacientes que estavam sendo tratados com a dose mais alta de orfogliprona perderam, em média, 8,9 kg (9,2%) de peso, em comparação com os 5 kg (5,3%) perdidos por quem era tratado com semaglutida oral.

O estudo foi realizado em um período de 52 semanas, em 1.698 adultos com diabetes tipo 2 que não apresentaram controle adequado da doença com o uso de metformina (outro medicamento oral usado para o tratamento da doença).

A orfogliprona levou a alguns efeitos colaterais de gravidade leve a moderada relacionados ao trato gastrointestinal, mas o perfil geral de segurança e tolerabilidade foi consistente a estudos anteriores. As taxas de descontinuação do tratamento devido a eventos adversos foram de 8,7% (12 mg) e 9,7% (36 mg) para orforgliprona versus 4,5% (7 mg) e 4,9% (14 mg) para semaglutida oral.

Os resultados detalhados do ensaio ACHIEVE-3 serão apresentados em uma oportunidade futura e publicados em um periódico revisado por pares. Segundo comunicado à imprensa, a Lilly tem a expectativa de submeter a orforgliprona para o tratamento de diabetes tipo 2 a agências regulatórias globais em 2026.

O que diz a Novo Nordisk?

Em comunicado enviado à CNN, a Novo Nordisk reforçou que "estudou o Rybelsus (semaglutida oral) em doses mais altas, de 25 mg e 50 mg, e demonstrou uma redução superior da glicemia e do peso corporal em comparação com a dose de 14 mg de Rybelsus em pacientes com diabetes tipo 2". Além disso, eles destacam que no "estudo ACHIEVE-3, Rybelsus demonstrou melhor tolerabilidade, com o dobro de pacientes descontinuando o uso de orforglipron devido a eventos adversos".

Eles ainda ressaltam que é necessário um estudo de comparação direta, mas que é possível comparar indiretamente os resultado do estudo OASIS 4 (feito com a semaglutida oral na dose de 25 mg em pessoas com obesidade) e do ATTAIN-1, realizado com orforglipron para obesidade. "A semaglutida oral apresentaria uma eficácia 34% superior e um perfil de tolerabilidade e segurança mais favorável", observa o comunicado da Novo Nordisk.