Outubro rosa: diagnóstico precoce é fundamental para sucesso no tratamento
Para especialistas, quantidade da doença e tipo de nódulo ajudam a definir tipo de tratamento

Em março deste ano, Elaine descobriu um câncer de mama. Aos 49 anos, estava há cinco meses num novo emprego e o diagnóstico mudou sua rotina e seus planos. Dependente do Sistema Único de Saúde (SUS), ela esperou seis meses por um diagnóstico e quando a confirmação veio, a doença já havia se espalhado para os ossos e o fígado.
"Aí mudou porque aumentou as sessões de quimioterapia, que eram, de início, quatro, passaram para seis. E a cirurgia, por ora, está descartada", explica a assistente financeira que também se afastou do trabalho e hoje recebe pensão do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Essa espera é um dos gargalos do sistema público de saúde do país e o Ministério da Saúde estuda formas de agilizar o tratamento. Uma delas é a parceria entre SUS e hospitais particulares, no programa "Agora tem especialistas".
"A parceria com o [hospital] A. C. Camargo para a anatomia patológica, ou seja, para o exame de biópsia (...) são fundamentais pra você ter o diagnóstico do tipo de câncer de mama e poder trata-lo rápida e adequadamente", explica o secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Mozart Sales.
O tratamento também impacta no mercado de trabalho. Quatro em cada dez mulheres deixam, ou se afastam, do posto de trabalho após o diagnóstico do câncer de mama, segundo o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher 2024. O Tribunal Superior do Trabalho acompanha a situação de perto, já que denúncias chegam constantemente ao TST.
"O que acontece, ela volta da licença e o empregador deixa passar um mês, deixa passar dois meses, pra que essa dispensa não seja considerada discriminatória", explica a ministra Liana Chaib. "Que que ela tem direito? Tem direito de ser inserida naquele contexto, de ser acolhida, de ter uma diminuição, de ser reintegrada, ter direito inclusive ao dano moral, porque isso é um dano", justifica Chaib.
Para o oncologista Carlos Henrique dos Anjos, não é toda paciente que está fazendo quimioterapia, terapia hormonal ou cirurgia, que vai precisar se afastar seis meses do trabalho. "Pode até ser que, em alguns momentos, ela vá precisar de uma semana ou duas de afastamento, mas ela, não necessariamente, obrigatoriamente, vai ter que estar afastada por um longo período", explica o médico.

Ficar longe do trabalho, mudar a rotina, lidar com a fragilidade do corpo e da mente, são passos delicados e o apoio médico desde o início pode ser decisivo para definir o tipo de tratamento e como ele será feito.
"Quantidade de doença e tipo de doença que definem a sequência terapêutica e, sim, ambas sequências podem estar corretas. Começar com quimio seguida de cirurgia, ou tratamentos sistêmicos seguidos de cirurgia, ou começar com cirurgia e depois discutir quais são os tratamentos complementares. (...) A ordem da sequência não necessariamente define a gravidade da situação", explica o oncologia Carlos Henrique.