Qual a diferença entre a vacina de Oxford e a do Butantan? Médica responde
A infectologista Rosana Richtmann explica diferenças entre as pesquisas que miram a produção de uma vacina que proteja contra a Covid-19
Dois estudos distintos sobre vacinas contra Covid-19 estão sendo foco de planejamento no combate ao coronavírus no Brasil. As vacinas de Oxford, no Reino Unido, e do Instituto Butantan, de São Paulo, já entram na terceira e última fase de testes.
Em entrevista à CNN na manhã desta segunda-feira (29), Rosana Richtmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, em São Paulo, e do Grupo Santa Joana, explicou que a tecnologia utilizada difere o estudo britânico do brasileiro.
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“A principal diferença entre as duas é o uso de tecnologia distinta. Na de Oxford, por exemplo, eles usam um vetor – o adenovírus – e é de dose única. Por outro lado, a do Butantan já é uma vacina mais tradicional do ponto de vista de tecnologia, que nós já conhecemos em outras situações como a da gripe”
“Neste caso se usa um vírus inativo, morto e se requer, pelo menos, duas doses. O importante é que estamos falando de duas vacinas, e isso é muito importante para a população brasileira”, acrescentou.
O governo brasileiro anunciou no sábado (27) uma parceria com o Reino Unido para a produção da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca no combate ao coronavírus. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) receberá a tecnologia e insumos.
Richtmann afirmou ainda que é a primeira vez em que o processo de negociação acontece mesmo antes da comprovação de eficácia. Entretanto, neste cenário de pandemia, é uma agilidade necessária.
“É tudo muito novo, então esta parceria é extremamente importante. Esta rapidez não é normal em outras situações, mas neste caso de pandemia, é o ideal (…). Existem 140 vacinas registradas no mundo para serem candidatas [no combate ao Covid-19]. Pelo menos três delas já estão na fase final e testando a eficácia. Estamos falando de uma doença que nenhum de nós temos imunidade suficiente até que se pegue a mesma”, concluiu.
(Edição: Bernardo Barbosa)