Quem são os vencedores do Prêmio Nobel de Medicina 2025?

Prêmio foi entregue nesta segunda-feira (6) para um trio de cientistas que fizeram descobertas sobre tolerância imunológica periférica

Fernanda Pinotti, da CNN Brasil
Os cientistas Mary Brunkow, Fred Ramsdell e Shimon Sakaguchi ganharam o Prêmio Nobel de Medicina de 2025  • Ill. Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach
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Nesta segunda-feira (6), o Prêmio Nobel de Medicina 2025 foi concedido aos cientistas Mary Brunkow, Fred Ramsdell e Shimon Sakaguchi. 

Segundo a organização, o trio foi laureado por suas descobertas acerca da tolerância imunológica periférica, que estimularam o desenvolvimento de novos tratamentos para câncer e doenças autoimunes.

Os vencedores da categoria Medicina são selecionados pela Assembleia Nobel da Universidade Médica do Instituto Karolinska, na Suécia, e recebem um prêmio de 11 milhões de coroas suecas (US$ 1,2 milhão), além de uma medalha de ouro concedida pelo rei da Suécia.

Conheça os vencedores do Nobel de Medicina

Mary E. Brunkow

  • Nascida: 1961
  • Afiliação no momento da premiação: Instituto de Biologia de Sistemas, Seattle, WA, EUA
  • Doutora pela Universidade de Princeton, Princeton, EUA. Gerente Sênior de Programas no Instituto de Biologia de Sistemas, Seattle, EUA.
  • Momento em que recebeu a notícia: "Meu telefone tocou e vi um número da Suécia e pensei: 'Bem, isso é só, sabe, algum tipo de spam'. Então, desliguei o telefone e voltei a dormir, e não sei. E então meu marido estava lá em cima e ouvi uma voz. Ele estava falando com alguém na sala de estar. Era a AP. Era alguém na varanda da frente. E era o noticiário local."

Fred Ramsdell

  • Nascido: 4 de dezembro de 1960, Elmhurst, IL, EUA
  • Afiliação no momento da premiação: Sonoma Biotherapeutics, San Francisco, CA, EUA
  • Doutor em 1987 pela Universidade da Califórnia, Los Angeles, EUA. Consultor científico, Sonoma Biotherapeutics, São Francisco, EUA.
  • Momento em que recebeu a notícia:

Shimon Sakaguchi

  • Nascido: 19 de janeiro de 1951, Nagahama, Shiga, Japão
  • Afiliação no momento da premiação: Universidade de Osaka, Osaka, Japão
  • Médico em 1976 e doutor em 1983 pela Universidade de Kyoto, Japão. Professor Emérito no Centro de Pesquisa de Fronteira em Imunologia, Universidade de Osaka, Japão.
  • Momento em que recebeu a notícia: "Tinha acabado de voltar de uma conferência no trabalho e recebi esta surpresa. Então, estou muito feliz."

Entenda descoberta que venceu o Nobel de Medicina 2025

A descoberta sobre a tolerância imunológica periférica impede o sistema imunológico de causar danos ao corpo, explica o estudo, publicado na revista científica Nature.

Os pesquisadores foram reconhecidos por identificar as células T reguladoras, uma classe de células que atuam como “guardiãs” do sistema imunológico, garantindo o equilíbrio entre defesa e autodestruição. “Suas descobertas foram decisivas para nossa compreensão de como o sistema imunológico funciona e por que nem todos desenvolvemos doenças autoimunes graves”, destacou Olle Kämpe, presidente do Comitê Nobel.

A primeira peça dessa descoberta surgiu em 1995, quando Shimon Sakaguchi desafiou o consenso científico da época ao demonstrar que a tolerância imunológica não dependia apenas do timo — órgão onde ocorre a chamada tolerância central —, mas também de um mecanismo mais complexo. Ele identificou, então, um novo tipo de célula imune responsável por evitar que o organismo se voltasse contra si mesmo.

Em 2001, Mary Brunkow e Fred Ramsdell ampliaram a compreensão do fenômeno ao investigar uma linhagem de camundongos com alta predisposição a doenças autoimunes. Eles descobriram que a vulnerabilidade se devia a uma mutação no gene Foxp3, e revelaram que alterações no mesmo gene em humanos causam uma condição autoimune grave, conhecida como síndrome IPEX.

Sakaguchi, então, conectou as duas descobertas, demonstrando que o gene Foxp3 é o responsável pelo desenvolvimento das células T reguladoras descritas por ele anos antes. Essas células são as encarregadas de monitorar o restante do sistema imunológico, garantindo que o corpo reconheça e tolere seus próprios tecidos.